Quando eu acho que não tem mais nada bizarro acontecendo pelos EUA, vem um documentário como esse Boys State e me joga na cara o quanto aquele país é inacreditável.
Pro mal, claro.
Boys State é um evento anual, ou um acampamento de treinamento praticamente, onde 1000 adolescentes do sexo masculino se reúnem no Texas para participarem de um experimento de como criar 2 partidos políticos em 5 dias e elegerem seus representantes.
Como se fosse uma eleição real daquele país.
E a coisa é muito levada a sério, muito “perfeitinha”, onde os moleques chegam e já recebem todos a mesma roupa para usarem nesses 5 dias, para nivelar todo mundo (por baixo) mesmo.
Se a gente acha que político véio adulto da vida real faz qualquer coisa pra ser eleito, imagina o que um bando de adolescentes fazem, principalmente os do partido mais “à direita” do espectro, obviamente.
Para nossa sorte o filme não foca somente nos conluios e conchavos desses adolescentes capazes de tudo e doidos pela vitória, sendo que a maioria deles, a grande maioria, é de gente obtusa, como poderíamos esperar do jovem médio dos EUA.
Boys State segue o caminho bem de perto de alguns desses jovens, mas em particular de um dos meninos, filho de uma imigrante mexicana, que vive uma vida não privilegiada, atrás do sonho americano, que no seu caso é ser “governador” daquele ano do Boys State e depois seguir uma carreira política.
Tudo o que escrevi parece meio besta, meio chato, certo?
Errado: o filme é incrível.
É um daqueles documentários que você vai assistindo e se dando conta de que os meandros do poder tem tentáculos tão mais profundos e bem espalhados que a gente se dá conta que não sabe de nada.
Boys State mostra que a máquina política dos EUA está em um nível tão bizarro de “dominação” e manipulação que quando lemos que aqui no Brasil um grupo de milionários liberalóides está bancando a educação e criação de novos políticos obviamente liberalóides e achamos isso um absurdo, esse documentário vem pra nos mostrar que engatinhamos nesse jogo de poder.
Em tempos de negacionismos, neo-fascismo e o não entendimento (ainda pra mim) de como um jumento foi eleito presidente do Brasil, Boys State mostra que tudo é possível na política.
Se eu já tinha medo, fiquei com mais ainda.
O futuro me parece mais podre do que eu esperava.
NOTA: