Undine é o novo filme (e o mais francês) do diretor alemão Christian Petzold.
O filme é estrelado pelo casal fetiche do diretor, Paula Beer e Franz Rogowski, que repetem o também casal vivido em Em Transito, outro filme de Petzold.
Desta vez Paula é Undine do título, uma estudiosa de história que trabalha em um museu em Berlim e que começa o filme levando um fora do amor de sua vida e o ameaça de morte, numa cena já icônica onde o casal apaixonado toma café calmamente vista de longe mas sob o microscópio do diretor alemão, o desespero e as reações extremas surgem como o mergulhador de Rogowski emerge das águas turvas para conquistar o coração de Undine.
Petzold é aquele diretor que constrói seus filmes esmiuçando os sentimentos de seus personagens, levando-os sempre a extremos.
E em Undine ele não faz diferente.
A relação da personagem principal, se recuperando daquele coração partido com a ajuda mais que romântica de Christoph, o mergulhador que, numa metáfora óbvio e nada sutil, se joga de cabeça nesse novo amor, só poderia passar no universo de Petzold, um diretor com a austeridade alemã mas com os 2 pés no cinema francês de relação, de amor e de muita discussão de relação.
Imagine um Fassbinder tendo um filme com Chabrol, que cresce se alimentando de muito filme clássico mas também de muito pop. E que daí cria suas personagens que pertencem não só aos nossos dias, mas se bobear, a dias que ainda estejam por vir.
Undine e Christoph, como o casal de Trânsito, pertencem a um mundo quase novo e diferente do nosso.
Pelo menos para eles.
E que sorte a nossa.
NOTA: 1/2