Depois de quase 2 semanas e quase 60 filmes assistidos na Mostra de Cinema de São Paulo, minha universidade constante de cinema, eu resolvi dar uma despressurizada.
O último filme que tinha assistido em 2020 foi O Oficial e o Espião, o filmaço do Polanski, na pré-estreia dia 11 de março.
Desde então minha tv e meu sistema de som até que bem bons tem sido meus companheiros fílmicos.
E eu não via a hora dos cinemas voltares. E de eu voltar aos cinemas.
Ontem eu voltei.
Com a ideia de descompressão na cabeça, lá fui eu assistir Tenet, o petardo de Christopher Nolan e ainda não sei se me foi bom ou ruim.
Começando do começo: eu não fiz as contas mas vou fazer e pretendo escrever um artigo sobre isso mas tenho certeza que os USD$ 205 milhões do orçamento de Tenet pagariam todos os 50 e poucos filmes que eu assisti na Mostra e ainda sobraria um bom dinheiro.
E por bom dinheiro eu diria milhões de dólares.
O choque foi gigante.
Sair de uma maratona de filmes iraniano e mongóis e orientais e latinos e de cinematografias “periféricas” e cair de cabeça no maior blockbuster do ano, numa tela gigantesca com o som ensurdecedor, é para poucos.
Saí da sessão de Tenet e não conseguia nem respirar direito. (olha a Covid!)
Tenet é uma espécie de filme do 007 do século XXII talvez. Com muita física, muita distorção do espaço/tempo e muito dinheiro gasto, que a gente enxerga cada centavo na tela.
Pra mim que venho fazendo um curso de física com o Marcelo Gleiser por uns bons meses já, Tenet desceu redondinho.
Mesmo assim, de tempos em tempos eu me perguntava: “por que mesmo que ele está fazendo tudo isso?”.
O filme não para, não tem respiro, não dá trégua ao espectador.
Quando falei que era um 007 do futuro é porque, diferentemente dos filmes do Bond, em Tenet quando eles chegam a uma conclusão que devem, por exemplo, explodir um avião no aeroporto de Oslo (não é spoiler, tá no trailer), a próxima cena já é do avião explodindo.
Nos filmes do Bond ele teria que falar com um monte de gente, pegar armas, aprender a manipular, entender a diplomacia, viajar, se vestir, se despir, beber, transar e daí, horas depois, explodir.
O futuro é pá e pum: vamos explodir, exploda.
Por isso acontecem mais coisas nas 2h30 de Tenet que em qualquer outro filme. Qualquer. Outro.
Tenho certeza que não há nada como Tenet já feito no cinema.
E isso não é necessariamente um elogio. É mas não é.
O roteiro é ótimo, muito bem escrito, sem falhas, sem buracos e olha que poderiam ter muitos, já que além das explosões e tiros e bombas, o filme se passa no presente, no futuro e no passado do futuro que ainda não é o presente, cheio de viagens de vai e volta no tempo, coisa mais linda do mundo.
Mas sua maior qualidade é também seu maior defeito.
A quantidade de informações nessa espiral de acontecimentos sem respiro, sem tempo pra tomar um gole de água faz com que a gente acabe aceitando informações sem ter muito tempo para digerí-las e quando já vimos, já era.
Na minha opinião Tenet deveria ter sido uma série de 13 episódios de pelo menos 1 hora cada episódio e mesmo assim, teria material pra mais, já que as viagens no tempo renderiam possibilidades infinitas.
Na minha outra opinião, se o Nolan fosse foda, ele pegaria esse 200 milhões de dólares, escolheria 200 diretores pelo mundo para que fizessem 1 filme cada 1 de 1 milhão de dólares.
Imagina a lindeza.
Mas daí eu acordei.
NOTA: 1/2