O super mega maravilhoso indie Saint Frances é o milagre que todos nós estamos procurando nesses dias padêmicos.
Não estando num dos melhores dias por causa de declarações políticas absurdas de ontem que não sumiram com uma noite de sono bem dormida, eu nem deveria escrever muito sobre essa pequena santa e só pedir que você acredite em mim e que procure assistir esse filme de qualquer maneira.
Mas vou tentar, escrever é o que tem me salvado nos últimos anos.
Saint Frances é o filme da mulher de 2020. Se existissem tantas mulheres assim pelo mundo, certeza que as coisas seriam diferentes.
Bridget (vivida pela atriz e roteirista extraordinaire Kelly O’Sullivan) é uma mulher de 34 anos de idade, garçonete, sem muita esperança na vida a não ser arrumar um emprego que a tire do restaurante tosco onde trabalhe.
Ela começa o filme em uma festa sendo esnobada por um hipster escroto e logo encontra um fofo que, depois de uma noite boa, vive uma das cenas mais engraçadas do filme, do sem graça por acordar numa casa que não a sua numa situação inesperada.
Bridget vai a uma entrevista para ser babá e não se sai muito bem não só por não ter a menor experiência em cuidar de crianças mas principalmente por deixar bem claro em atitudes bizarramente engraçadas que não gosta tanto de crianças também.
Mas o destino roteirizado é desses bacanas e depois de dias ela recebe um telefonema e começa a trabalhar cuidado da Frances do título, uma menina de 6 anos de idade, filha de um casal de lésbicas com um recém nascido e que por isso precisaram contratar Bridget, como última alternativa, diga-se de passagem.
O milagre da menina Frances é mostrar não só para Bridget mas também para suas mães e todo mundo que acaba cruzando seu caminho que a vida é bacana.
A menina é esperta, engraçada, rebelde e já disse esperta?
Nesse meio tempo Bridget engravida do não-novo-namorado e se eu disse que Saint Frances era o filme da menina, te enganei: Saint Frances é o filme do aborto da Bridget, elevado a personagem convidado super especial e relevante à história.
Sei que o texto está meio confuso, mas o filme é meio que assim, Bridget é assim, Frances é assim, a vida tem se mostrado muito assim, um fluxo (ops) infindo (ops2) de ideias fortes, femininas, feministas e também LGBTQ’s que mostra pra nós, desconstruidões, mas também para o público em geral que a vida é cheia, mas cheia mesmo, de surpresas.
E que se as surpresas não são tão agradáveis, que nós façamos com que elas sejam.
Não vai ser uma briga, um sexo mal feito, um namorado não tão sensível, uma depressão pós parto, uma filha geniosa, um pós aborto que não te deixa esquecer sua escolha ou um vizinho escroto e sem noção que vão te deixar pra baixo.
Kelly O’Sullivan, Charin Alvarez, Braden Crothers, William Drain
Bridget, Frances e suas mães nos mostram que os apesares não precisam ser pesares, que podem ser transformados em armas para a luta do dia a dia.
E nesses tempos, o que mais precisamos é estarmos bem armados de tudo de bom que possa nos ajudar a ganhar as batalhas diárias.
Viva a “igreja” de Saint Frances.
NOTA: