Pensa só na ideia boa: uma cine biografia do último ano do gangster mór americano, Al Capone, vivido pelo muso Tom Hardy.
Só que Capone, o filme, mostra o bandidão em sua mansão na Flórida literalmente apodrecendo por causa da Sífilis.
Capone não é um filme de glamurização da bandidagem, da violência, do espertalhão, mas sim a (desculpe) desconstrução do mito da pior forma possível, totalmente baseada em fatos reais, o que deixa tudo mais punk ainda.
A violência de Capone vem das cena onde o mais temido bandido americano evacua em sua calça enquanto dá depoimento ao FBI.
Ou quando ele leva tapas pesados na cara de sua mulher por ter gritado com ela.
O diretor e roteirista Josh Trank, amado por sua estreia Chronicle e odiado pelo pior filme de super heróis, O Quarteto Fantástico, ressurgiu das sombras com essa porrada na nossa cara em um filme que incomoda mais que qualquer coisa, algo que me interessa muito em qualquer obra de arte.
Ver Tom Hardy carcomida por pústulas e feridas, podre de uma forma que imaginamos até seu cheiro é para poucos, um feito por si só.
Na minha opinião ter feito isso com Hardy, o típico fortão tatuado com cara de mal de Hollywood, é a metalinguagem da desconstrução.
E se um filme vem para incomodar, eu tô junto 100% e uso esse espaço para divulgar mesmo.
Como disse, Capone não é o típico filme de gangster, nem o filme sobre o Al Capone que você conhece, mas sim um estudo sobre finitude, sobre a velhice, sobre o perder controle, tudo de uma forma (e aqui a forma é muito importante) nunca vista antes, ainda mais com um objeto como este.
Só pra terminar, além do diretor Trank que se arrisca totalmente e acerta bem e de Tom Hardy que sai de sua zona de conforto para mostrar que ele pode fazer qualquer coisa, literalmente, os 2 destaques do filme são a trilha absurdamente desconcertante de El-P e a atriz Linda Cardellini, que faz Mae, a esposa de Capone e que está quebrando tudo também em Dead Like Me na Netflix.
Não ligue para as críticas negativas e se jogue em Capone.
NOTA: