Estreou por esses dias na Apple Tv o documentário sobre uma das bandas que mais vi shows na vida, Beastie Boys Story.
Minha ansiedade era grande desde que soube da turnê que o diretor Spike Jonze (de tantos clipes dos Beastie Boys mas também de Ela) tinha inventado para contar a história da banda que sem querer revolucionou a música americana.
Desde a morte de Adam Yauch, um dos Beasties e como veremos no filme, o mais interessante e importante dos 3, a banda resolveu que não era mais uma banda e pararam de fazer música e de fazer shows.
Daí a ideia de fazer uma coisa bem legal, que vem sendo muito discutida ultimamente mas ainda não posta em prática: o documentário ao vivo.
Nada mais excitante que colocar Mike D e Ad Rock num palco, em uma turnê, cheia de imagens clássicas e várias inéditas, com a melhor trilha sonora possível, para contar sua versão da banda.
O problema é que não funcionou. Absolutamente.
O princípio do documentário é a não existência prévia de roteiro para o “personagem” ou para o “tema” do filme. Quem tem roteiro é o diretor, que vai tentando conduzir a história de uma primeira forma e sempre vai descobrindo novidades a medida que o fazer do documentário vai acontecendo e quase sempre, muda o roteiro e só o escreve ao final.
Em Beastie Boys Story, Mike D e Ad Rock ficam em um palco vazio, com um telão gigante atrás onde vemos as imagens, contando histórias.
Só que todas elas roteirizadas.
Eles ficam lendo o teleprompter o tempo inteiro, com tudo super ensaiado.
Coisa mais chata e sem graça impossível.
Toda aura de novidade e ineditismo cai por água abaixo. Todo o punk, o anárquico, o idiota deles se esvaindo pelas mãos.
Se eles não tivessem vendido Beastie Boys Story como um documentário ao vivo ou algo parecido, a coisa seria diferente.
Quer dizer, talvez não. Porque como assistimos nas quase 2 horas de filme, a grande coisa dos Beastie Boys era quebrar regras, era inventar as próprias regras que acabavam virando as novas regras pra todo mundo.
Nesse caso, eles não só não quebraram as regras como caíram na mais fajuta delas, que é ler um texto pronto e fingir emoção (tá, talvez até tenham rolado umas lagriminhas aqui e acolá), alguma coisa bem difícil para rappers sem nenhuma veia de ator, como também vemos no filme.
No final das contas, a auto chacota acaba detonando o próprio filme.
Todos os problemas de Beastie Boys Story são “zuados” pelos próprios bestinhas, o que acaba pegando super mal já que a ideia disso era assumir o erro antes deles acontecerem, o que é um grande pré banho de água fria.
Melhor ficarmos com os clipes geniais, as pegadinhas, os shows saudosos e os álbuns perfeitos.
NOTA: 1/2