A coisa mais difícil hoje em dia é fazer um filme sutil e poderoso ao mesmo tempo.
Mais difícil ainda é fazer um filme sutil e punk.
Swalow é um desses casos raros.
E todos os méritos são do roteirista e diretor Carlo Mirabella-Davis.
O cara conseguiu fazer um filme, como disse, punk, com um roteiro redondinho, uma personagem principal que já é das melhores do ano, cheio de personagens secundárias ótimas e além disso tudo, lindo esteticamente.
Geralmente ou o filme é lindo ou é vermelho (oi filhotes do Mandy) ou é bizarro (oi Greener Grass) ou tem roteiro ótimo.
Tudo junto é pra poucos.
Em Swallow, uma jovem noiva perfeita, daquelas americanas de filme mesmo, loirinha, educada, cuida da casa, ama o noivo com quem já mora, que é o loiro perfeito, lindo, rico que a ama muito.
O dia a dia de Hunter é limpar a casa, deixar tudo perfeito para seu noivo Richie, fazer comida, arrumar o jardim e no meio disso, ela tem uma mania bem peculiar: ela engole coisas.
Começa com uma bolinha de gude, vermelha, peça de decoração da casa.
Ela engole, sente prazer, sorve. E continua com seu dia.
Não conta nada para Richie, apesar de ter vontade quando ele chega em casa, de contar alguma coisa que a fez sair de sua rotina. Mas ele não está prestando tanta atenção nela e Hunter se cala.
Daí a gente pensa, ah, beleza, ela engoliu e já era. Não. Quando Hunter “coloca pra fora” a bolinha, se é que você me entende, ela a recupera, lava, limpa e coloca o pequeno troféu em um lugar de destaque em seu quarto.
Ufa, acabou, valeu.
Nada.
A fofa da Hunter não para não.
A gente acha que pessoas como Hunter fazem o que fazem para chamar atenção de quem a cerca mas Swallow mostra que o buraco é mais embaixo.
Haley Bennett é a atriz que vive Hunter: gigante. Guardemos o nome dela.
Seu noivo é vivido pelo bonitão Austin Stowell e o filme ainda tem Elizabeth Marvel, David Rasche e Denis O’Hare, o que, como disse, não é pouco, porque esse time é dos sonhos.
A aura de fetiche, de sexo, de proibido é alguma coisa tão única que só faz com que o filme ganhe mais pontos.
Swallow é um drama obrigatório, é horror que abre a cabeça e mostra que um filme “de sessão da tarde” pode te deixar de quatro e ser tão incrível quanto aqueles que já vem com o verniz de obra de arte.
P.S.: um amigo meu fez um curta maravilhoso uns 5 ou 6 anos atrás sobre o mesmo tema, sobre uma mulher que gosta de engolir coisas. Vou ver se está online e coloco por aqui.
NOTA: 1/2