Os Órfãos é o tipo de filme que prova que produtores e diretores de Hollywood, principalmente, não esboçam a menor vergonha na cara por filmes ruins que realizam e que lançam.
Ao sair de uma sessão de uma dessas porcarias eu fico pensando o quanto não usam um filme desses pra lavar dinheiro, ou pra esquema do tipo Primavera Para Hitler do Mel Brooks.
Os Órfãos conta a história de uma professora primária que larga sua vida para ir morar em uma mansão e cuidar de uma menina de 10 anos de idade que estuda em casa.
Só que a mansão é ridiculamente, descaradamente mal assombrada, a menina é fofa demais, a governanta parece uma caveira ambulante, o irmão mais velho da menina, que devia estar no colégio interno volta expulso, a casa tem uma ala proibida.
E muitos, muitos espelhos sujos/envelhecidos onde a professora vê… fantasmas.
Ah vá!
Tudo no filme é super óbvio, você sabe exatamente o que vai acontecer.
O cabelo da professora, impecável ao chegar na casa, um chanel loiro liso sem um fio fora do lugar, aos poucos vai virando um ninho de mafagafos.
A roupa que ela usa, vermelha feliz no início, vai perdendo a cor e indo pra azul, cinza e preto.
O menino vive dando sustinhos na professora.
A amiga da professora, que nem se liga se ela está bem ou não, a única vez que fala com ela pelo telefone parece uma atendente de tele marketing da amizade.
A governanta só atrapalha, é uma grossa e até abre correspondência da mulher.
E os fantasmas se divertem.
Ops, mentira.
A casa tem alçapões, armadilhas, bonecas estranhas, lago de carpas, rio cheio de galhos secos, árvores secas, plantas secas, flores secas, mais galhos secos batendo nas janelas, janelas batendo nas janelas, cortinas ao vento, portas batendo, portas que se trancam, portas que abrem sozinhas e mais espelhos ainda, inclusive “um dos anos 80” (numa das piores cenas do filme).
A única coisa que se salva no filme é o departamento de arte: o figurino e a direção de arte em geral, bem góticos, tudo bem detalhado.
Aliás, os detalhes, os closes, são o calcanhar de Aquiles da diretora.
Parece que agora é moda em uma cena em plano geral de situação, cortar para um close de um objeto qualquer que a diretora queira que a gente preste atenção porque de lá vem um susto ou uma revelação ou nada de importante, como em quase tudo no filme.
Falei e falei, mas agora tem um semi spoiler sobre o final.
Se não quiser saber, pule.
Depois de tanta bobagem que é a história, o roteiro resolve chegar em um final até que aceitável. Preguiçoso, mas que pode ser interessante pro monte de porcaria que veio antes.
Daí, com certeza a diretora goticona Flora deve ter falado pros produtores: galera, sobrou uma graninha e umas diárias? Deixa eu fazer um fim alternativo?
E o povo deixou.
E lá foi Flora tentar dar uma de Tarsem no maravilhoso A Cela e… errou na mosca.
Filmou um final bizarro, cheio de camadas de realidade, sonho, loucura, nada a ver com nada.
E o que eles fizeram?
Depois do final razoável, colaram um outro final.
Sem sentido nenhum, nem pra dizer: aquilo tudo foi um sonho o final é esse agora.
Nadica de nada.
Lixo.
E eu achando que o pior filme do ano era o da Natalie Portman astronauta doida.
Já vi que 2020 vai ser cheio dessas porcarias.
P.S.: tô tão de bode do filme que nem vale a pena dizer que é adaptação de Henry James, que tem a menina de Projeto Flórida no elenco e o menino de Stranger Things. Nada disso melhora a experiência catastrófica.
NOTA: 1/2