E eu achando que Retrato de Uma Jovem em Chamas seria o filme lindeza minimalista gay de 2019. Tolinho eu.
O Argentino Fim de Século veio aos 45 minutos do segundo tempo para me provar o contrário.
Eu poderia dizer que Fim de Século é um amálgama da trilogia do Anoitecer/Amanhecer em 80 minutos.
Mas eu também poderia dizer que o filme é a resposta mais bacana ao inglês Weekend.
Só que Fim de Século é muito mais que isso. O filme é de uma sutileza e de um amontoado (no bom sentido) de detalhes que vão te deixando mais e mais apaixonado pela história de paixão de final de semana entre o argentino Ocho e o espanhol Javi em Barcelona.
Só que o filme é mais ainda.
Fim de Século acaba sendo quase que um filme de viagem no tempo existencialista.
É isso, o filme é o filho bastardo de Einstein com Sartre, saído das mãos estreantes do ótimo diretor Lucio Castro.
Da sacada de um apartamento achado no Airbnb, o argentino enxerga um cara andando na rua com uma camiseta do Kiss, por quem se interessa muito.
Ele o procura no Grindr, sem sucesso, e acaba encontrando-o na praia também sem sucesso.
Depois que eles finalmente se encontram, o que seria mais um encontro fortuito acaba em uma história tão bem desenvolvida ao mesmo tempo que quase sem graça, só que como disse antes, por causa dos detalhes, uma página de livro marcada, uma música na hora certa e até uma camiseta, Fim de Século mostra que por mais que a gente tente, não dá muito para lutar contra o destino.
Só que a lindeza disso é que a gente não conhece o nosso destino, então parece que a gente está sempre lutando, contando histórias, relembrando, enquanto criamos alguma coisa nova.
Fim de Século é daqueles filmes baratinhos mas que são tão bem pensados e realizados que acabam parecendo terem custado milhares de euros.
Já o comparei com o filme francês, agora o comparo ao filme de zumbis japonês do post de ontem.
Fim de Século é dessa leva de filmes que quebram paradigmas e expectativas, que mostram que um belo de um roteiro e uma direção mais que competente são capazes de criarem obras de arte.
NOTA:
2020 tinha muitos planos, mas agora é renovar e tentar
inovar em 2021. Agradeço pelo seu artigo me ajudou e
compartilhei nas redes sociais.