Depois de falar ontem de um filme polêmico da Netflix, Bikram, o guru estuprador, hoje vou com outra polêmica da Netflix.
Atlantique ganhou o Grand Prix em Cannes esse ano, saiu de lá debaixo de críticas maravilhosas, seu diretor Mati Diop é considerado a nova promessa do cinema e por aí vai.
Eu, na minha insignificância, achei Atlantique uma bela de uma porcaria, um filme que não teria seu projeto aprovado em um edital daqui e que se passasse no cinema, ficaria às moscas de tão mal dirigido que é.
O filme é baseado em uma lenda senegalesa, transposta para os dias de hoje.
Em Dakar, os trabalhadores da construção de um arranha céu super moderno e futurístico estão a mais de 3 meses sem receber seus salários e por isso suas famílias não comem, aquela história que a gente conhece bem de empresário que vai viajar e não deixa os cheques assinados para que seus funcionários recebam.
Por isso, esses homens resolvem atravessar o mar em direção a Espanha para tentarem uma vida mais digna e de alguma forma conseguirem sustentar suas famílias.
Mas eles são tragados por uma onda gigantesca que não deixa nenhum sobrevivente do barco dos sonhadores desesperançados, uma dicotomia em termos.
Logo os espíritos desses homens usam os corpos de suas amadas como canais e vão cobrar o dono do prédio suas dívidas, em cenas que deveriam dar medo mas que são quase constrangedoras.
O pior de tudo é que Diop resolveu colocar uma história paralela de uma garota da periferia, noiva de um jovem rico, apaixonada por um desses homens que morrem no mar.
E a história dela, de seu casamento, de seu desespero e de sua saudade é mais besta e sem graça do que a história dos espíritos vingativos.
Mas Diop foca no errado e Atlantique acaba sendo um filme que desperdiça uma bela lenda, que mais parece uma tragédia grega em troca de um amor que não segura a onda de um filme tão hypado.
NOTA: