Preciso perder um bom tempo pensando em algum diretor de cinema vivo que seja melhor que os irmãos belgas Luc e Jean-Pierre Dardenne.
Os caras já ganharam tudo em Cannes, prêmios como melhores diretores, atores, atrizes, roteiro e a Palma de Ouro 2 vezes.
O Jovem Ahmed é seu mais recente petardo apresentado em Cannes esse ano (vencedor do prêmio de direção) e agora na Mostra de SP, onde assisti.
O filme conta a história desse moleque, um adolescente muçulmano vivendo na Bélgica que se joga nos ensinamentos radicais extremistas de seu imã, lendo o Alcorão ao pé da letra.
O que faz com que o menino ache um absurdo sua mãe beber álcool ou sua irmã usar mini saia mas não dele querer e tentar matar sua professora por querer ensinar algo que o livro sagrado não aceite.
A ideia do adolescente se entregando à religião é algo que me tocou profundamente e que é cada vez mais comum nos dias de hoje com os fundamentalistas fanáticos extremistas saindo de seus esconderijos féditos mais e mais.
Ahmed, como todo jovem que se considera um gênio do crime e não o é, é preso pela tentativa contra sua professora e aos poucos precisa se reabilitar para voltar ao convívio geral.
Mas não é fazendo o moleque trabalhar em uma fazenda que vai mudar suas convicções religiosas extremas, até porque sua raiva vai aumentando e esse povo só para quando não der mais.
O Jovem Ahmed não é um filme mirabolante, tem um roteiro que nos é até familiar com um fim que me surpreendeu um pouco. Mas o que conta é a direção dos irmãos Dardenne. O que eles fazem em criação de personagem e crescendo de história, de roteiro, pouca gente faz.
Assistir um filme deles, para mim, é sempre esperar histórias quase bestas do dia a dia e perceber que quando bem contada, quando bem dirigida, uma história dessas vira um acontecimento.
O Jovem Ahmed é um acontecimento. Um filme calcado na atuação de um menino que nunca foi ator antes, o surpreendente Idir Ben Addi que nas mãos desses 2 gênios da sétima arte se transformou no moleque que mais me meteu medo em 2019.
NOTA: