A esquizofrenia dos posts deste blog vai para um dos filmes mais caros do ano, a porcaria que é o último milionário Missão: Impossível que você leu aqui ontem, e vai direto para um dos mais legais e baratos filmes do ano, a comédia indiezona tarantinesca Stealing Pulp Fiction.
Se bobear este Roubando Pulp Fiction custou menos que o figurino do filme do Tom Cruise. Ou menos que o figurino do Tom Cruise no filme.
Olha a ideia do diretor e roteirista Danny Turkiewicz: dois amigos cinéfilos, que não poderiam aser mais diferentes, cheios de ideias maluconas do tipo “vou abrir um cinema clandestino onde só vai passar filme “cult” que vai ficar nos fundos de um cinema comercial”, se encontram todos os dias para falar da vida e de como ganhar o mundo.
Muitas ideias, nada dá certo e eles continuam querendo levantar dinheiro de qualquer forma.
Uma noite eles vão assistir Pulp Fiction no cinema do próprio Tarantino em L.A. e surge a maior e melhor das ideias: roubar a cópia 35mm de Pulp Fiction, que é do próprio QT, como eles o chamam, e vender por milhões no mercado negro.
Eles chegam à conclusão de que precisam de uma terceira pessoa para dar certo o roubo e chamam a melhor amiga da dupla, também cinéfila só que bem mal humorada. Mas eis q do nada entra uma quarta pessoa na gangue, o psicanalista dos 2 amigos, que está atendendo nos fundos de uma academia de karatê porque se separou da esposa e precisa desesperadamente de dinheiro pra reconquistá-la.
O mais legal de Roubando Pulp Fiction é o bom humor do roteiro, que supera inclusive a ideia toda do roubo do filme, numa super homenagem ao QT e ao filme que para a turma, mudou a história do cinema.
Imagina então ter uma cópia 35mm do filme, roubada do cinema do Tarantino, a última cópia que pertencia ao diretor.
Stealing Pulp Fiction tem 3 locações: o cinema onde é exibido o filme, o predinho da academia de karatê onde fica o consultório e uma lanchonete onde os amigos se encontram para planejar suas vidas e o roubo do filme.
Certeza que essas locações são de amigos do diretor, porque a lista de produtores executivos do filme é enorme, que é a do povo que dá dinheiro pra produzir o filme, inclusive muita gente tem o sobrenome do diretor Danny, porque é assim que os filmes são realizados sem dinheiro de estúdios.
Roubando Pulp Fiction é o exemplo mais bacana do novo indie americano, não aquele que passa em Sundance, cheio de milhões de dólares, de elenco estrelado e tudo mais. Este filme é o sopro de ar fresco numa indústria gigantesca que vem perdendo tanto a graça, a ousadia que quando um filme vindo dos EUA é bom, é motivo de festa para os deuses do cinema. Hollywood entrou em um buraco sem fundo que assitir esses indies como este de Danny Turkiewicz, que passam em festivais como Slamdance, Fantasia, Fantastic, me deixam feliz demais.
Roubando Pulp Fiction é das surpresas mais legais de todas, um filme micro, com ideias gigantescas, com direção mais que precisa e com possibilidades infindas para toda a equipe e para nós, sortudos que assistimos.
NOTA: