Eu adoro épicos históricos europeus, principalmente os que se passam na Idade Média, mesmo porque as lendas acabam sendo maiores até que a história “real”, escrita.
William Tell é o “nosso” Guilherme Tell, o cara que era um caçador arqueiro que para sobreviver teve que acertar uma maçã colocada na cabeça de seu filho a 50 metros de distância, ou como vemos neste filme, a 20 passos largos de distância.
Guilherme Tell era suíço, e em 1307, anos que se passa o filme e a história mais famosa deste personagem, a Suíça era dominada, conquistada pela Áustria.
E Tell e seus companheiros suíços não só não aceitavam esse mando dos cruéis e podres Habsburgos, que por tantos seeculos dominaram não só a Áustria mas foram conquistando e “mandando” em países por toda Europa, através de casamentos arranjados e golpes bem dados.
Guilherme Tell é vivido pelo ótimo muso dinamarquês Claes Bang, com sua cara rústica e maquiagem bem sujinha, o que eu acho fundamental para um filme desses, não os dentes brancos mentex que Hollywood relevava quando fazia esse tipo de épico.
Tell no filme é perseguido por Gessler, o cruel lambe botas do chefão Habsburgo, cara frio e subserviente suficiente para matar quem seu chefe queira para que ele vire um nobre, já que tem um casamento prometido com uma sobrinha de Albert de Habsburgo, vivido por um Ben Kigsley bom como sempre e ornando um tapa olhos de ouro lindo, que lhe dá um ar de rico podre. Inclusive toda a direção de arte em relação aos Habsburgo é linda demais. Ou toda a direção de arte do filme em si, tudo muito bem desenhado e executado.
Gessler é o grande personagem do filme, o empregadinho frio e calculista, que mata, manda matar, tortura, queima, manda queimar e dorme o sono dos puros, vivido por um de meus atores ingleses jovens preferidos Connor Swindells, de Sex Education da Netflix.
O que leva Gessler atiçar Guilherme Tell a acertar a maçã na cabeca do filho foi porque Tell dá proteção a um suíço amigo que matou o cobrador de impostos que estuprou e matou sua esposa grávida. E que o Ben Habsburgo Kigsley mandou procurar e matar porque um traidor desses não pode andar à solta por seu reino.
Só que o “traidor” é só mais um dos traidores que querem a Suíça livre e a ira do Habsburgo só aumenta a força que esse povo precisa para expulsar os austríacos de sua terra.
A velha e boa história do proletariado, dos caçadores e camponeses que tinham só a besta, aquele pequeno arco e flecha “de mão”, contra os exércitos da playboyzada rica, da família de Habsburgo, uma das mais poderosas da história européia.
Para ter uma “desculpa” de prender Tell, Gessler arma uma arapuca que ele tem certeza que o cara da besta vai “cair”, já que diria muito sobre sua honra.
E toda a história de tramas e crueldades e reviravoltas é bem roteirizada e bem dirigida neste filme que se tivesse um pouco mais de dinheiro para usar na pós produção, em efeitos especiais, seria melhor recebido e melhor avaliado.
Mas como eu gosto bem disso, eu consigo respirar fundo com um “green screen” ruim ou relevar a água “espirrada com mangueiras” em uma batalha na água entre 2 barcos de guerra em um rio no meio dos alpes suíços.
NOTA: