Eu costumo dizer aqui que um filme ruim do Woody Allen é melhor do que 90% dos filmes lançados por Hollywood no ano.
O Paul Schrader, diretor deste Oh, Canada, é um dos meus diretores e roteiristas preferidos da vida.
O cara SÓ escreveu Taxi Driver, dirigiu Gigolô Americano, Mishima, Cat People e meu preferido de todos First Reformed.
Mas ele faz filmes medianos também, como o recente O Mestre Jardineiro e este Oh, Canada.
Vou começar com as coisas boas do filme.
É o reencontro de Schrader com Richard Gere (que estrelou e apareceu pro mundo em Gigolô Americano), que faz seu melhor papel em muito tempo, arrasando muito como Leo Fife, o diretor de documentários calhorda morrendo de câncer.
Outro ponto alto do filme é Uma Thurman que faz a esposa Emma, esposa de Leo, em um papel mais comedido, o que parece que está na moda.
A história desse personagem é que ele é um cara que nos anos 1960 deu um truque para fugir do exército e se mudou para o Canadá onde conheceu uma jovem, casou, teve um filme mas quando ele teve que escolher entre assumir a empresa do sogro ou dar aula de literatura, chutou o balde e fugiu total.
Fugiu tanto que ficou décadas sem ver o filho e quando a esposa teve problemas de saúde ele nem voltou para estar ao seu lado.
A virada de história é que esse personagem se descobre documentarista e usa técnicas “revolucionárias” e nada convencionais para conseguir o que ele queria em seus filmes, o que acaba virando contra o próprio, claro.
O documentarista é vivido pelo bonitão da hora Jacob Elordi em sua juventude só que Schrader brinca um pouco de surrealista e coloca Gere, o Leo velho, em momentos de sua juventude. Só que esse truque buñuelesco não funciona mesmo, já que o filme não usa de nenhum subterfúgio antes e nem depois para chancelar essa ideia. Esse “truque” mal funciona no Almodóvar novo onde Tilda Swinton faz o papel principal e também faz sua filha. Não rola, não é tão simples assim.
Pra piorar a história do cara, que promete tanto ao ser filmado por um de seus ex alunos em seus momentos finais, não entrega nada demais: se no livro em que se baseia o filme é bom, o roteiro de Schrader errou na mosca já que eu esperava odiar o personagem por erros da vida mas só odiei por ele ser um chato sem graça.
NOTA: 1/2