Nickel Boys é um grande filme e um filme ousadíssimo, todo contado em primeira pessoa, com a câmera sempre nos olhos de seu personagem principal.
O que poderia parecer chato e cansativo, meio que um truque de diretor que quer aparecer, aqui em Nickel Boys funciona lindamente.
O filme conta a história de Elwood, um garoto negro super inteligente que ainda na escola consegue uma bolsa de estudos em uma escola prestigiada em 1962.
Um dia ele pega carona e sem saber que está em um carro roubado, parado pela polícia é encaminhado para a Nickel Academy, uma escola meio Febem, para jovens infratores, comandada por mãos de ferro, em plena época de luta pelos direitos civis nos EUA quando os negros ainda eram consideradas pessoas inferiores, aquele horror da vida real absurdo.
Na Nickel, Elwood faz amizade com Turner, outro jovem negro bem inteligente, e juntos tentam como podem sobreviver ao inferno da escola onde os brancos são super privilegiados com comida melhor, acomodações melhores, bem tratados em tudo enquanto os negros sofrem todo tipo de “desvalorização”.
Elwood e Turner não poderiam ser mais opostos no mesmo espectro, um representando as pessoas tranquilas, centradas, que lutam intelectualmente por seus direitos enquanto o outro é o explosivo, que acredita no olho por olho.
A escola Nickel é um microcosmo do país segregacionista e preconceituoso que eram os EUA na época e o filme não sø aponta como cutuca a ferida exposta daquela sociedade do mal.
O diretor RaMell Ross nos entrega uma pequena obra prima, ousando onde pode e onde nnao deveria, ele faz um filme sem concessões, com uma cinematografia que nunca é vista no cinemão hollywoodiano e com um “produto final” que se tivesse vindo da Europa teria vencido pelo menos algum festivalzão poderoso.
Sua direção de elenco beira a perfeição, onde os 2 meninos e a avó de Elwood parecem flutuar sobre uma história de dor e sofrimento.
O único problema do filme pra mim é sua duração de mais de 2 horas. Sou crítico ferrenho de filmes infindos. Só quero ver como vou suportar as 4 horas de O Brutalista.
NOTA: 1/2