Moutainhead é a prova de que uma andorinha só não faz verão.
O filme é dirigido e escrito por Jesse Armstrong, um dos roteiristas mais premiados e adorados dos últimos tempos, o cabeça de Succession.
Depois de lidar por anos a fio com as vidas dos super bilionários, seus problemas, manias, idiossincrasias na série mais premiada dos últimos anos, Armstrog resolveu fazer um filme sobre…
Adivinha.
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Super bilionários, seus problemas, manias, idiossincrasias,
Só que. E aí está o problema do filme.
Em Succession o cara estava rodeado da melhor equipe possível, de um elenco que fez história, de roteiros tão bons e precisos que deveriam ser estudados em escolas de escrita.
Pelo que vi em Mountainhead, filme da AppleTv+, por aqui a coisa é bem diferente.
Porque o filme é bem ruim.
Na série a gente via os bilionários “sérios”, encabeçados pelo maior de todos Logan Roy, o rei Lear do Shakespeare, rodeado de filhos e pendurados, esperando a morte do soberano para saber quem vai tomar seu lugar.
Neste filme a gente vê um encontro de 4 “amigos” muito, muito ricos, tanto que seu nível de amizade e de “poder” na turminha tem a ver com o saldo dos 4, que vai de 220 bilhões de dólares a 550 milhões, o “pobre” que faz de tudo para agradar os mais ricos para ser pelo menos respeitado, tanto que esse encontro acontece na casa desse mais “pobre”, que sai até de seu quarto para que outro durma lá e se sinta mais confortável.
Esse final de semana para jogar pôquer é uma desculpa para os 4 meio que resolverem os rumos do mundo. Inteiro. Já que um deles domina as comunicações, outro a IA e por aí vão resolvendo o que fazer com a América, quando por exemplo eles resolvem que um deles vai dar um golpe de estado na Argentina e vai virar o “presidente” do país dos nossos hermanos.
Já pensando maior, o mais rico, um jovem (ia escrever escroto, mas todo bilionário é escroto), que acabou de ganhar uma fortuna absurda em um novo contrato, tem uma ideia de também dar um golpe de estado nos EUA.
Pretensão é pouca.
Mas os probleminhas e as ideias estúpidas da turminha são um bando de ideias que foram roteirizadas da forma mais básica e quase amadora possível, fazendo o filme uma colcha de retalhos com uma edição quase sem pé nem cabeça, que poderia ter várias versões diferentes já que nada é feito como deveria para que o filme fosse minimamente razoável.
O que poderia salvar o filme era ter Steve Carell mas ter o Jason Schwartzman contrabalança como o ator medíocre que é. Se bem que seu personagem é um milionário medíocre então ele nem precisou fazer muita força.
Outra diferença de Mountainhead para Succession é que lá, como disse, o bilionário era, claro, escrotíssimo, mas era “sério”.
Aqui os bilionários são uns idiotas, parecem cópias pioradas do Elon Musk, o cara que tem grana mas que queria ser pop star, mas não tem culhão nem capacidade pra tanto. Tem algumas sequências tão absurdas de bunda molice que eu imagino que deva ser assim mesmo com esses idiotas.
Mas a história do filme é fraca demais. A ideia é besta demais. Certeza que o diretor Armstrong contou muito com muitas coisas que parecem ter saído direto de Succession como a direção de arte, a locação absurda de linda, helicópteros, muitos carros pretos blindados, os séquitos dos bilionários que não fedem e nem cheiram para o filme ser pelo menos assistível. Mas não é.
NOTA: