The Surrender começa finalmente a fase de filmes de horror bons de 2025.
Tava difícil.
Mas esse aqui a Shudder surpreendeu.
História de trazer cadáver de volta à vida é uma das preferidas deste que vos escreve e aqui a diretora Julia Max pisou nas feridas, esfregou no chapisco e se jogou na história de Megan, uma mulher que volta para a casa em que cresceu cuidar do pai, junto com sua mãe, nos últimos dias de vida dele, que está sofrendo, tomando morfina o dia todo para sofrer menos.
Megan e sua mãe Barbara não concordam com nada, nem com a forma que o pai é tratado, nem com a forma que a mãe a trata, ou da forma que a mãe lida com a medicação do pai moribundo e principalmente Megan não se conformo com o que a mãe fez com todo o dinheiro que ela e o pai guardaram a vida inteira, que Megan contava para ajudar na educação de seus filhos.
Só que Megan não esperava a notícia que teve: sua mãe contratou um homem bem estranhão para trazer seu pai de volta depois de morto num ritual bem bizarro, claro, como não poderia deixar de ser.
E aí entra o bom do filme.
O ritual, como foi dito para a mãe pelo moço que só sussurra, tem 3 estágios, ou 3 rendições (o surrender do título) pelas quais a alma do morto deve passar. Pra isso ele precisa que as 2 mulheres, com sua liderança, passem pelas 3 rendições a fim de que a alma do marido e pai acredite nas mulheres e não em um desconhecido que vai tentar salvá-lo, ou trazê-lo de volta à vida.
Mas como isso é um filme de horror dos bons, o caminho das 3 pessoas para o além é dos mais pedregosos. Mesmo dentro de um círculo muito bem protegido, as pessoas temem por suas vidas, temem pelo que eles assistem em momentos de desespero que são até maiores do que os passados pela filha e mãe enquanto o pai ainda estava vivo.
A diretora Julia Max não se conteve em mostrar extremos em seu filme, principalmente na relação quase doentia entre mãe e filha nesse momento de desespero de aguardo da morte, que é certa, só falta acontecer. Tão certa que elas discordam de absolutamente tudo mas quando relaxam, quando vão dormir, relaxam e mostram que o foco de seus dias é o pai em seus últimos momentos.
O extremo que a diretora Julia escolhe para contar a história no “depois da vida”, no “outro lado”, é das coisas mais horrorosas dos últimos tempos, no melhor sentido, o horroroso de um filme de horror. Escolhas foram feitas e como nos momentos mais “psicológicos”do filme, os momentos de body horror não nos decepciona.
Mas nem tudo são folres e The Surrender tem uns momentos que pra mim foram aleatórios demais, umas cenas de flashback da filha com o pai quando ela era pequena, conversando sobre a morte depois dela ver um passarinho morto em seu jardim.
Mas, Julia Max é bem esperta e quando eu já não aguentava mais ver esses flashbacks, ela dá um duplo twist carpado que mais uma vez fez meu queixo cair.
The Surrender é surpreendente, com um roteiro bom, ideias ótimas e uma direção corajosa que nos leva a lugares bem “do mal”, que confesso, me deixou com medo real.
Último detalhe: Megan, a filha, é vivida pela ótima Colby Minifie, uma das mais desgraçadas de The Boys, uma das minhas séries preferidas, aquela dos super heróis amorais.
NOTA: 1/2