Vou começar este texto com o mesmo parágrafo que escrevi 2 dias atrás.
“Hoje quando perguntam pra mim quais meus gêneros de filmes preferidos, ou “que tipo de filme você gosta de ver?”, eu respondo: filme de viagem no tempo, horror caipira e documentário de artistas plásticos.”
Lifeline é um filme de viagem no tempo. Mais ou menos. Pode-se dizer que é.
E só por isso já vale a assistida.
Steven é um cara que trabalha em um desses escritórios de assistência a pessoas com problemas psicológicos, tipo o CVV daqui, onde a pessoa liga pra procurar ajuda imediata em momentos difíceis e graves.
Na noite de ano novo, ele atende o telefonema de um estudante universitário que diz que vai se matar quando chegar a meia noite porque ele brigou feio com a namorada.
Steven, com toda a sua experiência em ajudar esse tipo de ligação extrema, começa a conversar com o cara perguntando seu nome, onde estuda, sobrenome e logo descobre que o cara ao telefone é ele 20 anos atrás, quando ainda estudava na mesma universidade e quando tentou se matar porque também tinha brigado com sua namorada que hoje é sua esposa.
A cabeça de Steven entra em parafuso e ao mesmo tempo ele tenta convencer ele mesmo do passado da história, ele vai falando pelo celular com sua esposa para tentar lembrar exatamente o que tinha acontecido aquela noite.
Mas a medida que o relógio vai se aproximando da meia noite, as coisas pioram para o Steven do presente já que sua esposa e seu filho somem de sua agenda do celular, como se eles não existissem mais.
E ele descobre que sua esposa tem outro nome, se casou com outro homem, o que indica que a tentativa de suicídio deu certo. Ou bem errado.
Como resolver um problema do seu próprio passado se ele não se lembra exatamente o que aconteceu? Será que seu futuro não existe? Será que esse passado é o que não existe e ele está delirando depois de, sei lá, ter tido um terremoto onde ele estava e ele morreu com o teto do prédio na cabeça e está indo pro umbral numa viagem alucinante?
Como ele vai se salvar?
Lifeline é legal por um motivo importante: é desses filmes que meio que acontecem em tempo real, sempre ao telefone, onde as pessoas precisam ter uma conversa que funcione para que tudo dê certo.
Apesar disso ser um tema quase batido, aqui em Lifeline a premissa é ótima, já que é um telefonema que atravessa as barreiras do tempo-espaço.
O que faltou no filme foi um cuidado maior na realização do filme, em sua concepção, na verdade.
Com uma fotografia mais ousada, uma edição mais esperta, que ajudasse na tensão do tempo passando e uma trilha muito melhor, o filme seria outro.
Não que Lifeline seja ruim, mas não é tão bom quanto deveria.
E a gente já enxerga o “mau gosto” da produção no cartaz do filme, na ampulheta óbvia e ao mesmo tempo sem sentido e no fundo de “espaço-tempo”, de galáxia, de literalmente viagem no tempo cafona?
Uma pena, porque esse foi bem quase. E a nota é mais pelo amor ao tema do que pelo filme em si.
NOTA: