Outro dia eu falei aqui que sentia falta de dramas feitos em Hollywood.
Até porque se tem uma coisa que sabem fazer por lá é drama. Ou era drama, pelo menos. Seo de lembrar de Laços de Ternura já me dá um nó na garganta.
Em compensaçnao, o cinema francês continua sendo prolífico em dramas.
E se colocam uma atriz que eu amo, como a Virginie Efira estrelando, daí é gol de placa.
Tudo ou Nada é dos dramões bons, daqueles que nos faz ter raiva de todo mundo, encontrar culpa em todo mundo e querer que todo mundo fique feliz no final mesmo que tenham perdas pelo caminho.
Aqui Virginie é Sylvie, mãe de 2 filhos adolescentes, que precisa se virar como pode e como não pode para criá-los sozinha, só com ajuda de alguns bons amigos.
Apesar de todos os pesares, dela trabalhar a noite toda em um bar e ralar muito, dela ter que ajudar o irmão perdido que chega bêbado em casa, de levar os filhos pra escola mesmo virada, de quase perder o show do filho mais velho na escola, Sylvie vai levando.
Mas adolescente é adolescente, né, não tem jeito. E quando juntam 2, a coisa fica difícil.
Uma noite no trabalho ela recebe uma ligação, depois de 500 tentativas, avisando que seu filho mais novo sofreu queimaduras, está no hospital e ela precisa correr pra lá.
Atrasadíssima, ela chega e vê que tudo foi cuidado pelo filho mais velho, que eles estavam fritando batata em casa, de madrugada, o óleo espirrou mas conseguiram chegar a tempo no hospital
Ela dá bronca, abraça, chora, beija e tudo é resolvido, nenhum trauma grande.
Até que dias depois a assistente social chega com a polícia na casa de Sylvie para levar o filho mais novo para uma casa de passagem, para ficar com uma família temporariamente enquanto o juizado decide se Sylvie tem condições de cuidar de seus filhos sozinha. Porque não interessa se o filho mais velho cuidou de tudo, ele é menor, tudo sempre precisa da responsabilidade de adultos, não tem papo.
E a vida dela que já era de ponta cabeça, dá mais um duplo twist carpado.
Sylvie precisa arrumar emprego durante o dia, trabalhar a noite, lidar com autoridades, lidar com maiores responsabilidades enquanto o mundo desmorona em volta da mulher forte que vive em um mundo que ela mesma criou para poder sobreviver com sua família.
O drama criado pela roteirista e diretora Delphine Deloget é de cortar o coração. E não só nos momentos que a família é separada pelas pessoas que estudam e cuidam do seu caso, mas principalmente pelos poucos momentos que vemos Sylvie desabar, quando ela perde o fôlego, quando ela explode de chorar, sempre sozinha, sempre se protegendo do escrutínio geral para não mostrar que ela também é gente, frágil, com sentimentos.
Virginie mostra mais uma vez porque é a melhor atriz de sua geração na França, aqui literalmente surfando em uma personagem de extremos, de altos muito altos e de baixos mais baixos ainda.
E eu não entendo o porquê dela ainda não ter sido levada pra Hollywood, o que por um lado é ótimo, já que assim ela continua fazendo esses filmes maravilhosos.
NOTA: