Dizem por aí desde sempre que blog serve pras pessoas abrirem seus corações e suas mentes e despejar o que de lá sai em palavras.
Este blog, apesar de ser sobre filmes e séries e tais, sempre que escrevo vem do coração, sem muito filtro, sempre textos ligados a histórias minhas, tudo muito pessoal mesmo.
Diferente por exemplo de quando eu escrevo para qualquer outro veículo, site, publicação, daí a coisa muda de figura porque depende sempre do editorial do veículo pra onde vai o texto.
Estou dizendo tudo isso porque eu assisti Better Man: A História de Robbie Williams ontem, dia 11 de fevereiro, aniversário de 1 ano da morte do meu pai, acontecimento que mudou minha vida de formas que pouca gente sabe. E vi o filme ontem depois de ia a uma missa de 1 ano, de ter chorado no final da missa por estar com a sensibilidade à flor da pele nessas últimas semanas, tendo que lidar com o luto de uma forma que nunca esperava.
Tudo isso pra dizer duas coisas.
Primeira: eu chorei igual uma vaca loka o filme inteiro.
Segunda: Robbie não morre no final.
Pra começar a falar de Better Man, este era um dos filmes que eu mais queria ver na temporada primeiro porque eu adoro o Robbie Williams e segundo por achar nada menos que bizarro ele colocar um chimpanzé para representá-lo no filme e ao terminar de ver eu ri e entendi qual deve ter sido a principal intenção disto e de como o filme saiu de um nível bem bom para uma obra prima pop.
Se você conhece e ouve um pouquinho só de rock inglês e pop inglês, sabe que Robbie foi um dos vocalistas da boy band horrorosa Take That e com razão foi expulso por ser mais “punkzinho” que os outros coxas.
No filme a gente vê como o molequinho do subúrbio Robbie sempre quis ser artista porque seu pai era um cantor de pub, eu diria frustrado, mas na verdade não sei se frustrado porque ele cantava. Vivia cantando. Nunca fez sucesso, mas quando você ama cantar (ou fazer qualquer outra coisa) e vive cantando (ou fazendo qualquer outra coisa que ame), você não necessariamente é frustrado.
Pior se ele amasse cantar e fosse caixa de banco e não cantasse nem no chuveiro.
O amor do pai passou para Robbie e aos 16 anos de idade ele entra para a boy band e sua vida muda para sempre. Ele tem até uma frase bem boa pra isso no filme, em uma cena boa, sobre atingir o auge da carreira e esse momento ser o quando a pessoa para de “crescer”.
Até Robbie entrar para o Take That a gente via um moleque doidinho, cheio de vida e bem animado mesmo e depois da banda a gente vê ele se descobrindo como alguém que não segue padrões, alguém tímido o suficiente que não tem coragem de mostrar as músicas que escreve e também alguém doido o suficiente para se afundar em drogas, todas as drogas possíveis e imagináveis e por isso (também) começar e acabar e recomeçar e re-acabar e “rerecomeçar” sua carreira como vemos em cores vivas no filme.
Better Man: A História de Robbie Williams é um filme sobre um cara talentosíssimo que aos 16 anos “para de crescer” e que para crescer precisa ir para o inferno algumas vezes, voltar algumas outras e tentar sobreviver com todas as cicatrizes e os cadáveres deixados pelo caminho, cadáveres dele mesmo, do homem com o maior EGO de todos, como ele mesmo já se chamou, e que por isso mesmo vai passando por cima de tudo deixando esse rastro de destruição como uma trilha de miolo de pão para ele ter certeza de onde veio e pra onde vai, porque as estradas snao mais sinuosas do que o normal.
Sobre a escolha do macaco para ser Robbie Williams, foi outro motivo de eu ter chorado.
Se um dia eu achei que o macaco nos distanciaria do homem, não me lembro, porque o filme me causou a sensação extrema oposta, principalmente por ser vivido pelo ótimo Jonno Davies.
É mais fácil sentir pena do macaquinho bonitinho injetando heroína na privada da casa da namorada enquanto ela chega cansada do “trabalho”, que é nada menos que a vocalista mais conhecida na Inglaterra à época.
Se você um ator vivendo Robbie, eu ia ficar com muito mais raiva do que eu fiquei com o macaco fofo, amado pela avó, que a cada passo pra frente dá uma corrida para trás, que se arrepende mas nem tanto porque aprende a cada momento e que quando entende esse tipo de aprendizado à força, aprende que os fracassos são tão importantes quanto os sucessos, o nosso Robbiezinho vira o bichinho mais fofinho do mundo.
Jogo baixo? Super!
Mas funcionou bem. E o melhor, não ficou nem cafona, nem mal feito e nem cheio de truques que o macaco poderia realizar que o Robbie “real” não pudesse.
E esse é um dos pontos mais altos de Better Man: A História de Robbie Williams, lembrar o espectador que o tempo todo que isso é um filme e não a vida real. E viva o cinema.
NOTA: 1/2