Como são as coisas.
Eu fui assistir Acompanhante Perfeita achando que o filme seria uma porcaria.
Não sei porque.
Eu não costumo nem ler criticas e nem mesmo assistir trailers de filmes.
Eu gosto de entrar na sessão de mente aberta, apesar claro de todos os preconceitos que eu posso ter em relação a quem dirige, ao elenco e mesmo ao tema de alguns filmes.
Mas desta vez eu achei que tivesse lido que o filme era uma porcaria.
E passei a sessão inteira sendo surpreendido por um roteiro muito bom ao mesmo tempo que eu esperava o momento que o filme fosse degringolar.
E Acompanhante Perfeita não decepcionou.
O filme começa como uma comédia romântica onde um casal bem fofo, Iris e Jack, estando se preparando para irem passar o final de semana na casa de uma amiga de Jack, Kate, que não gosta muito de Iris.
Quer dizer, a primeira frase de Acompanhante Perfeita é de Iris falando: os dos melhores momentos da minha vida foram o dia que eu conheci Jack e o dia que eu matei Jack.
Logo a gente descobre que primeiro, Jack não é tão fofo assim com Iris, que ele é bem escroto e abusivo mesmo.
E que segundo, Iris é um robô.
E que essa viagem para uma casa lindíssima isolada no meio do nada, que é do amante russo milionário da Kate, tem um propósito: usar a robô Iris para matar o russo e fugir com os 12 milhões de dólares que o cara tem no cofre da casa.
E a Kate tem a senha do cofre?
Ô se tem.
Todas as senhas de Sergey são a mesma: o dia do nascimento de Stalin.
Em um filme como Acompanhante Perfeita, uma ficção científica de suspense, com vários toques sanguinolentos de horror, esses detalhes são sempre importantes, como a senha do russo ser o nascimento do outro russo.
Ou como a importância dada ao saca-rolhas elétrico.
Ou também a história de como o outro casal de amigos que também foi para o final de semana, Patrick e Eli, se conheceram em uma festa à fantasia.
O problema é que em Acompanhante Perfeita o roteiro exagera tanto nesses detalhes, ou nessas dicas, que a gente fica notado achando que tudo é dica.
Como eu disse o filme não é ruim, mas poderia ser muito melhor se alguns detalhes não fossem tão “exageradas”. Ou super utilizadas.
O que faltou em Acompanhante Perfeita foi sutileza e sangue.
Sim, pode parecer incongruente eu querer sutileza e também querer sangue mas estamos falando de um suspense com os 2 pés no horror, como aliás a maioria dos filmes pop dos dias de hoje tem esse flerte com o gênero sanguinolento da moda.
Eu consigo entender o quanto um filme como Acompanhante Perfeita sofre nas mãos de produtores e mais produtores que opinam sobre todas as fases do filme, mais ainda do que o próprio diretor que deveria ter dirigido o filme como esses produtores e donos do filme queriam e pode deixar que os donos do dinheiro também são os donos de como o filme vai parecer e ser lançado.
Daí as sutilezas vão por água abaixo e a gente fica vendo esses detalhes todos que vão se repetindo e repetindo e a gente espera ou que eles sejam alguma dica importante ou que pelo menos não sejam alguma forma de distração inútil.
E a falta de sangue que eu senti é porque quando tem sangue, o filme flerta com o gore, como A Substância também flerta com o exagero, como a gente vê no final do filme da Demi Moore.
Aqui a gente percebe também que a enxurrada de surpresas, ou de plot twists, ou de reviravoltas de roteiro, acabam virando quase que o ponto principal de Acompanhante Perfeita.
Mas infelizmente a gente sabe que muito plot twist acaba sendo decepção mais do que surpresa em si.
E por falar em surpresa, acho que Acompanhante Perfeita perdeu a maior oportunidade de todas no final do filme, que poderia ser o plot twist do século, a melhor surpresa de todas.
Pena.
NOTA: 1/2