Esta não é uma resenha per se de Babygirl mas sim alguns pontos importantes que me fizeram quase odiar, menosprezar essa “obra” da holandesa Halina Reijn.
Começar o filme com esse papo furado de “eu nunca gozei com você, meu marido” pra dar estofo pra tudo o que a esposa a procura de um orgasmo faz, que vemos na Nicole Kidman em Babygirl, é bem de quinta. Por que uma CEO fodona nunca gozou com o marido? Nunca conversou a respeito? Nunca fez terapia? Nunca usou nada com ele? Não, ela transa, ele goza, vira pra lado e dorme e ela sai correndo pra ver um pornô e se masturbar. Nossa, que empoderada que ela é.
Por que esse filme é feminista e emporado se 9 1/2 Semanas de Amor é um filme machista e misógino? Só porque foi dirigido por uma mulher? Porque a história é a mesma, o discurso de submissão é o mesmo, o não se apegar é o mesmo, o relacionamento com dia para terminar é o mesmo, inclusive esse é o motivo do nome do filme antigo, que se fosse perfeito seeria 10 e não 9 1/2.
A cena deles se pegando sob George Michael é tão óbvia que parece saída de uma versão da A24 de Emilia Pérez. Sim, quis humilhar.
A CEO poderosona cai nas garras de um estagiário moleque magrelo e sem graça que consegue controlar uma cadela na rua (sério!). Mas é casada com um diretor de teatro fodão de sucesso que não consegue fazê-la gozar. Sei.
Isso porque o marido é latino (o Banderas) e tenho certeza que aqui o é para acabar com o mito do macho latino. Juro. É nesse nível.
Se a diretora quis montar um casal sensual e delicioso ela errou na mosca escolhendo a mulher incrível só que mais magra e mais sem bunda e sem curvas possível e escolheu o cara bonitinho e magrelo e sem sex appeal. Casal sensual ideal onde?
Ela deveria ter assistido de novo Atração Fatal, porque ela chupa o filme até o caroço, e deveria ter percebido a força de um elenco competente e lindo.
No aniversário da festa da filha queer vamos colocar o que de trilha? Le Tigre, claro, porque se tinha alguém que ainda não tinha entendido que a filha era queer, mesmo ela explicando antes, agora ficou claro.
A Nicole ganhar o prêmio de melhor atriz em Veneza ano passado teve o mesmo peso “morto” do novo Almodóvar ter vencido o festival, parece que só pra atrapalhar a campanha de Ainda Estou Aqui com a Sony apostando no filme que flopou e a Nicole tirando um pouco de atenção da Fernanda antes do Globo de Ouro, já que a partir daquela premiação ela sumiu total dos radares.
Posso estar falando a maior bobagem da vida mas esse filme ser considerado feminista enquanto outros thrillers eróticos dos 90’s eram taxados de machistas é a mesma coisa que mulheres rappers colocarem dançarinas “rebolando o bundão” ser feminista enquanto homem colocar as mesmas dançarinas da mesma forma ser considerado machista. Entendo que sim, é a mulher que quer fazer do jeito que ela quer fazer. Mas o jeito que ela quer é o mesmo jeito que o homem quis e fez.
Mas o pior do roteiro simplista e soft porn pra mim é o nível ridículo e raso dos diálogos com metáforas bestas como a dos cucos botando ovos nos ninhos de outras aves.
A quantidade de tentativas erradas para comprovar o poder empoderador deste filme atinge um nível patético com um pseudo plot twist final que não funciona de maneira nenhuma e só não é pior que o coitado do Antonio Banderas no filme.
NOTA: 1/2