Para que Nawi fosse bom, os 4 (péssimos) diretores deveriam ter contratado o Didi Mocó, embaixador da Unesco, para ser o narrador do filme.
Nawi só não é mais vergonhoso para mim porque é pelo menos um filme com fotografia boa. Básica. Esquemática, como todo o resto do filme, mas boa. O que era o mínimo que a gente exige de um filme rodado nos cenários naturais mais lindo do Quênia.
Nawi é uma menina de 13 anos, uma geniazinha na escola, que ao invés de seu pai a mandar para estudar em Nairobi com uma bola de estudo que ela ganhou, ele a vende por um punhado de camelos e cabras para um homem adulto, rico e obviamente escroto.
A importância do filme é levantar essa questão “cultural” que mesmo proibida por lei ainda está em ação no Quênia, dos casamentos com meninas menores onde grande parte delas morre no parto por serem pequenas demais para darem à luz, com números “subfaturados” já que esses casos são escondidos pelos rincões do país, já que são proibidos por lei.
O problema de Nawi é que apesar de ser uma história de ficção, parece um comercial da Unesco, um programa para algum canal ruim que copia um National Geographic da vida.
O filme tem 4 diretores e parece que eles resolveram fazer o filme depois de terem 1 aula na escola de cinema e acharem que já tinham aprendido o suficiente.
E pior, conseguiram dinheiro para essa aventura.
Porque Nawi é tão esquemático, tão burocrático, que a gente não sente nenhuma emoção vinda de seus personagens.
Claro que a menina que interpreta a personagem principal é ótima, faz tudo direitinho. Mas é esse o ponto, tudo no filme é feito direitinho, a ponto de parecer que a direção tinha o manual de instruções sempre à mão para verem qual seria o próximo passo.
MAis uma vez, como no filme da Índia, o roteiro de Mawi se rende as piores tradições quenianas e dá razão, de alguma forma, a quem nnao deveria ser dada a razão.
Ao invés de fazerem um filme de redenção, de quebrar as regras, eles ainda quiseram fazer um filme onde criassem super heróis, de lição que só acontece na próxima geração. E o que pode parecer interessante é na verdade um balde de água fria ao saber que apesar de todo “não passarão”, eles passaram e venceram.
Pra piorar tudo, o final do filme e os créditos são cheios de explicações, com um depoimento que a mim só dificultou a deglutição desse filme bem indigesto, por causa de tanto açúcar na cobertura para tentar disfarçar o peso do alimento.
NOTA: