Todo filme que me deixa bem ansioso antes de ver, quando estreia, eu digo que era o filme que eu mais queria ver no ano.
Nosferatu obviamente era um desses. Perdi a cabine mas fui agora na primeira sessão cheia, inclusive.
Quanto maior a altura maior a queda, já dizia o Cebolinha. Caí de cabeça bem do alto, quebrei a clavícula, cortei o nariz e olha, que raiva.
Raiva do Robert Eggers, o diretor bonzão que diz que seu sonho sempre foi refazer o Nosferatu, dar sua visão à história proibida de Drácula. Pra quem não sabe, o Nosferatu original só tem esse nome porque a família de Bram Stoker, autor de Drácula, negou os direitos ao Murnau. E mesmo assim quando o filme foi lançado foi retirado dos cinemas e ficou perdido por décadas até que encontrado e o resto é história.
Bom, este Nosferatu do diretor de A Bruxa, O Farol e O Homem do Norte não precisava ser.
Nada no filme é original. Quer dizer, a fotografia do filme é bem original: horrorosa. Escura, sem contraste nenhum, sem profundidade, com uma razão tão besta que eu não me conformei.
O caminho tomado pela fotografia do filme foi mais uma decisão óbvio e sem graça que Eggers tomou.
Quase todas as cenas do filme tem referência de outros filmes. Mas as referências são tão na cara que daria pra fazer uma lista (infinda) dos filmes que o Eggers copiou, ops, que o Eggers homenageou. Na minha modesta opinião, deveria ter um agradecimento no final do filme ao Coppola, porque olha, o Eggers assistiu o Dracula do Gary Oldman um sem número de vezes.
E aquele elenco estelar?
A Lily-Rose Depp dá um showzinho no filme, vai de donzela arrependida a Isabelle Adjani doida em Possessão em um piscar de olhos. Adjani que fez o papel de Lily-Rose no Nosferatu do Herzog, lembra, né?
Já todo o elenco masculino deve ter sido dirigido para que seus personagens fossem diferente de tudo que a gente poderia esperar de uma história que a gente já viu muitas vezes. E alguns deles nem se deram o trabalho de sairem de papeis recentes, como o caçador de vampiros do Willem Dafoe que parece irmão do médico do Dafoe de Pobres Criaturas, todo divertidinho e cheio de ideias pagãs e novidadeiras.
Assistindo o filme eu ficava pensando na equipe de arte, de direção de arte, figurino, se rasgando quando assistiram o filme a primeira vez e não viram nada na tela.
Eu juro que mudei de lugar no cinema logo no início achando que a projeção estava com problema, com reflexo ou sei lá o quê.
Veja bem, Nosferatu não é ruim, só não chega aos pés de nenhum outro filme de Eggers. Escuro, derivativo, cheio de obviedades, referências na cara e até preguiçoso, se a gente pensar bem.
O que eu gostei muito do filme foi a trilha sonora e o som do filme, pontuando tudo muito bem com sutilezas que a gente não vê nas imagens e que acabam funcionando muito nos sustos e desesperos e gritos de Nosferatu, o vampirão que quase não existe de tão pouco que a gente o vê.
E eu achando que o Alien era pouco mostrado nos filmes.
NOTA: