Vermiglio é o representante da Itália na corrida pelo Oscar de língua não inglesa e pra nossa sorte, é um #alertafilmão mas não chega aos pés de Ainda Estou Aqui.
Este filme estreou no mesmo Festival de Veneza que o brasileiro ganhou o prêmio de melhor roteiro, enquanto a obra da diretora Maura Delpero venceu o Grande Prêmio do Juri, o que é um segundo lugar ou se eu for chato, um prêmio de consolação ao filme que os jurados gostaram mas não amaram o suficiente.
Vermiglio é um drama “slow burner”, que queima devagar, que vai preparando o público com muita parcimônia para o que está para acontecer no final.
Apesar da lindeza toda do roteiro, da fotografia, das locações da vila de Vermiglio, da reprodução da época do final da Segunda Guerra Mundial, que não joga bomba na casa da família de Cesare, sua esposa Adele e seus 500 filhos, os ventos levaram para sua casa o tempo todo resquícios da guerra, como a escassez, a falta de perspectiva, a tristeza mas principalmente 2 homens que desertaram do exército e por lá resolveram se esconder, já que aquela não era sua guerra, como eles disseram.
Um deles, Pietro, bem, mas bem lentamente se afeiçoa a Lucia, filha mais velha do casal e com ela quer casar e constituir família.
A maneira como o diretor Delpero resolve nos contar essa história é tão radical que vai nos “enfiando” no meio da casa de Lucia, nos coloca para dormir no quarto com mais 7 filhos, nos faz esperar o banheiro desocupar, divide a sopa rala na nossa frente, como se fosse o melhor e mais atento seguidor do cinema da argentina Lucrecia Martel.
A diferença é que Lucrecia não tem pudores com suas personagens, ou melhor dizendo, ela faz o que quer com suas personagens para incomodar mais ainda o seu público, enquanto o italiano Delpero incomoda seu público mais pela forma do que pelo conteúdo.
E só para deixar claro, esse incômodo causado aqui em Vermiglio é potente, lindo, doloroso e pertinente à história que ele quer nos contar.
NOTA: 1/2