Que filme legalzaço que é esse Flight 404, o representante do Egito na corrida ao Oscar de filme internacional.
O filme é com certeza inspirado no Depois de Horas, meu Scorsese preferido. E em alguns outros filmes daquele tipo, onde uma pessoa fico meio que correndo atrás do próprio rabo pra tentar resolver alguma coisa que no final das contas depende só dela mesma.
No caso de Flight 404, quem fica nessa doideira é Ghada, uma pseudo perua, cheia de roupas de grife, que trabalha como agente imobiliária e que pretende fazer uma peregrinação a Meca. Pretende não, tudo já está marcado, comprado, só esperando o dia chegar.
Sempre tentando fugir de sua mãe insuportável, que só a procura para pedir dinheiro, Ghada acaba dá um olé em sua genitora por uma rua cheia de carros e o pior acontece: a mãe é atropelada.
Na correria, levam a mulher para um hospital bem caro e agora Ghada precisa conseguir dinheiro para pagar as despesas dos primeiros socorros e da cirurgia que vai ter que ser feita.
E assim começa o périplo da fina e religiosa Ghada desenterrando fantasmas de sua vida pregressa para conseguir dinheiro de qualquer maneira para pagar as contas da mãe e poder ir para sua peregrinação.
O que a gente assiste no roteiro do diretor Hani Khalifa é uma descida às profundezas da alma de uma mulher que tinha enterrado a sete palmos uma vida que ela não quer que ninguém descubra que ela teve.
E o pior: ela vai ter que encarar de frente fantasmas, demônios e alguns monstros que por mais esquecidos e largados, sempre acabam voltando à tona quer a gente queira ou não.
A mão perfeita do diretor Khalifa fez com que eu primeiro tivesse ranço com Ghada exatamente por ser meio patricinha metida a rica e aos poucos ir transformando esse bode em empatia ao descobrir que a mulher, na verdade, naquela sua vida “pregressa” que volta à tona, se mostra uma pessoa bacana, de coração bom.
O plot twist de Flight 404 é a reviravolta da personalidade da personagem principal, em um roteiro muito bem escrito, onde esses monstros e demônios que eu citei parecem ser mesmo personagens de contos de terror que um dia já foram contos de fada.
NOTA: 1/2