Sempre que eu assisto um filme de viagem no tempo eu fico, primeiro, muito feliz e segundo, pensando que talvez não haja outro “gênero” que eu goste tanto no cinema, principalmente porque essa premissa abre toda e qualquer possibilidade para o roteirista e o diretor (que geralmente é a mesma pessoa) fazer o que quiser, como quiser, porque, né, ele inventa seu próprio universo ali mesmo.
E inventar, criar, seu próprio universo e nos levar nessa viagem é o que mais me anima em um filme.
Things Will Be Different é desses. É o novo petardo de Michael Felker, o diretor do meu tão amado Something In The Dirt, aquele filme bem caótico e paranóico onde eventos supernaturais doidões acontecem em um predinho de apartamentos em Los Angeles.
Aqui, Felker conta a história de 2 irmãos que depois de muitos anos, se reencontram armados até os dentes logo após Joe (Adam David Thompson finalmente mostrando a que veio) ter roubado uma quantidade gigante de dinheiro.
Sua irmã Sid (Riley Dandy, subindo uns 3 degraus na sua ida ao topo) o acompanha até uma mansão no meio do nada onde eles vão se esconder da polícia por 14 dias contados. E de lá ela vai sair com dinheiro suficiente para cuidar bem de sua filha Alice, que o tio acha que tem 10 anos mas ela tem só 6.
Sid acompanha o irmão, que diz ter o melhor plano de todos, e dentro da casa eles encontram uma porta trancada, usam as regras escritas em um caderno, bem específicas e dentro do recinto todo escuro, fazem uma ligação em um telefone de discar, também de uma forma bem específica e BOOM!: abrem a parta de volta e estão em outro tempo/espaço.
Agora eles precisam só passar 14 dias nessa casa, de mansinho, abrir a porta estranha de novo, seguir as regras e voltar pra casa.
Só que nada é fácil e no dia 14 a porta está lacrada com uma madeira onde eles leem: vá até o moinho.
Lá eles encontram um cofre, seguem regras, abrem e começam conversar com alguém através de um gravadorzinho de voz daqueles antigos, de forma bem esperta, onde primeiro explicam quem são, como foram parar lá e quais são suas tarefas e regras para primeiro não serem mortos e depois para voltarem para suas casas em seu próprio tempo/espaço.
Como eu disse, o diretor Felker escreveu um roteiro muito inteligente, sem furos, o que é fácil nessas viagens no tempo e melhor que tudo, ele criou esse universo de regras e tarefas e formas de comunicação de baixo orçamento, repensando usos de objetos cotidianos.
E o melhor de tudo: uma parte da história existe dentro de um loop temporal contínuo, que começa e termina nele mesmo, uma das coisas mais fascinantes pra mim em histórias de viagem no tempo.
Things Will Be Different é uma das grandes surpresas de um ano que eu estava sentido falta desse tipo de filme e o diretor Michael Felker voltou com os 2 pés no nosso peito com mais um petardo einsteiniano incrível.
NOTA: 1/2