Body Odyssey é um dos filmes mais doidos e esteticamente ousados que eu assisti este ano. Parece um filhote delirante do Lynch na história de Mona (Jacqueline Fuchs), uma bodybuilder senior que vai “se perdendo” à medida que ela vai tomando novas bombas, jejuando e se apaixona, tudo quando está prestes a participar de um campeonato mundial, em sua busca pela perfeição física.
Tudo capitaneado por Kurt (o saudoso Julian Sands em seu penúltimo filme), seu treinador despótico que controla seu sono, sua nutrição, suas sessões de treinamento, as dose de bomba que ela toma, seu psicológico e até sua vida sexual.
Essa rotina toda é interrompida quando Mona encontra um lindo jovem loiro em uma sauna, ou banho turco como eles dizem no filme.
Na descoberta deste amor, desse novo prazer, o corpo de Mona começa a ter o que poderíamos de chamar de vontade própria, quase que criando um monstro dela mesma, física e psicologicamente, e como diz o título, a odisséia de Mona é o que hoje em dia conhecemos como body horror, onde os limites são apagados e repensados.
Tudo no filme é lindo: figurino incrível, academia incrível, lugar de competição incrível, casa, hotel, estantes de livros, objetos, cores, direção de fotografia, tudo para criar um clima de fantasia, para levar o espectador a um universo próprio, estranho, mas ao mesmo tempo convidativo e quase confortável.
Isso tudo criado pela mente bem doente da diretora Grazia Triarico, que vai cozinhando quem assiste seu filme em banho maria, vai nos acarinhando com essa beleza que se torna familiar bem rápido e de repente, quando a gente menos espera, toda doideira já está caindo no nosso colo e fica tarde demais pra recuperarmos o fôlego e que venha a desgraceira.
NOTA: