Já somos fãs da diretora Natalie Erika James, pelo menos desde seu #alertafilmão Relic, que nos deixou querendo mais arrepios. Na minha resenha do filme, eu digo que Relic é um “criador de clima” como nenhum outro e que filmes de horror sem monstros são sempre sobre a alma e a psique e a piração humanas. E eu falei também de pesadelos meus que pudessem ou não estar no filme como mascar chiclete que cresce na boca e não conseguir cuspir, ou andar pelado na rua.
Obrigado Natalie.
Para minha e nossa sorte, a diretora Natalie Erika James dirige este outro #alertafilmão que é Apartamento 7A. E pra você que não sabe e não adivinhou pelo poster aqui do post, o filme existe no universo de O Bebê de Rosemary, mais precisamente exatamente antes do filme do Polanski acontecer.
A história da aspirante a atriz/cantora/dançarina Terry (Julia Garner, melhor que nunca) na Nova York de 1967/68 é ao mesmo tempo familiar e surpreendente ao mesmo tempo. Surpreendente de ser cheia de surpresas mesmo, porque mesmo o filme se passando no mesmo universo, no mesmo prédio, no mesmo apartamento e ter a mesma atmosfera de desespero, de desgraça anunciada, o filme é absolutamente original, muito pela direção tomada pela diretora ao fazer um filme como se estivesse filmando lá na década de 1960, com alguns cacoetes de época mas com todo o aparato e o conhecimento de nossos tempos atuais.
Esses detalhes dão a Apartamento 7A uma aura nostálgica ao mesmo tempo que totalmente contemporânea, com referências pós década de 1960, como um pezinho no giallo, uma pitada de slasher e um cinismo que vem do noir da década de 1940 mas que resvala também no indie americana dos anos 1990.
Terry, a aspirante, tenta, tenta, faz teste atrás de teste e não consegue nenhum papel em nenhuma peça e seu dinheiro está acabando, claro. Até que um dia ela sofre um pequeno acidente e é amparada por um casal de velhinhos super simpáticos que a levam para se recuperar em seu apartamento.
Quando Terry acorda, depois de um chá e de cuidados, ela vê que Minnie (a mais que maravilhosa e minha preferida Dianne Wiest) e seu marido são fofos como se fossem mesmo sua família e que depois de ouvirem a história de fracasso de Terry, a convidam para morar no apartamento 7A, um apartamento que eles possuem no mesmo andar que moram no prédio chic e que estea vago porque eles nnao tem filhos e nem família.
Claro que Terry aceita e aos poucos sua vida vai melhorando porque todo o círculo de amizade de Minnie e seu marido se afeiçoam por Terry e a ajudam como podem. Inclusive o diretor da peça que ela foi rejeitada e onde se machucou, Alan (Jim Sturgess irreconhecível) faz parte do círculo e já oferece uma segunda chance a Terry, uns drinques, um jantar e uma noite inesquecível.
Mais que isso seria spoiler. E apesar de eu ter “entrado” nesse filme achando que saberia tudo o que aconteceria pela obviedade da história estar ligada ao filme do Polanski, eu não pude me surpreender mais com o que eu assisti.
A diretora Natalie tem mão precisa e sabe filmar o que quer que tenha pra filmar. O roteiro de Skylar James, escrito com a própria diretora, é daqueles sem nenhum senão, sem nenhum buraquinho para respiro ao mesmo tempo que algumas coisas que aconteceram no filme me incomodaram em princípio mas que fizeram todo sentido algumas cenas depois. Detalhes bestas, como um corte de cabelo de Terry ou ela começar a usar maquiagem mais pesada nos olhos.
Essas pequenas “dicas”, como eu achei, na verdade são tão sutis que nem sei se posso chamar de dicas, são mais migalhas de pão que a diretora vai deixando pelo filme para entendermos as trajetórias de algumas personagens principais, já que eu imagino que na criação do roteiro a dupla tenha achado que quanto mais dicas ou easter eggs ou migalhas de pão melhor para o espectador que vai virar um amante de Apartamento 7A como eu virei, tenho certeza.
NOTA: