Quando eu não consegui assistir COUP! ano passado na Mostra, fiquei mal porque o povo falou muito bem desse filme, que era ousado, inteligente e várias outras coisas.
Assisti há pouco e acho que as expetativas das pessoas estão muito baixas porque Coup! é um filme bacana mas nada genial como falaram.
É um comédia que se passa à época da febre espanhola, lá por 1918, em uma mansão onde vive a família de um milionário (Billy Magnussen) que vai contra o status quo vigente na alta sociedade e que precisa lidar com o novo cozinheiro que chega para trabalhar e morar na propriedade com o resto dos serviçais, sem poder sair de lá por causa da pandemia.
Só que esse chef, vivido pelo sempre competente Peter Sarsgaard, na verdade é um truqueiro, que matou o chef original, rasurou seus documentos e foi pra casa do milionário viver no bem bom em época de mortandade geral.
O legal da história é que o cozinheiro também tem ideias bem contra o status quo vigente. Só que no caso, o status quo é o dia a dia da mansão, da família e dos criados.
O legal do filme é ver como esses personagens dissonantes agem para que suas novas ideias funcionam (ou não necessariamente) nos cosmos onde elas atuam.
No caso do milionário, ele é visto como revolucionário no mal sentido, claro. E no caso do chef, ele também é visto como revolucionário e só não é chamado de comunista porque ao mesmo tempo que o filme se passa está acontecendo lá do outro lado do mundo na União Soviética a revoluçnao que vai dar onde deu.
O roteiro é bem escrito o suficiente para mostrar as diferenças de percepção em relação a ambas ideias e vontades de mudança e o que é bem interessante é ver como ambos os personagens foram criados e são vividos pelos ótimos atores, muito bem dirigidos, criando situações ótimas, que me levaram quase a um cinema sessentista europeu sério, só que levado a uma comédia ácida e nada sutil.
NOTA: