O que resume um pouco as características da heroína e do antagonista de Longlegs – Vínculo Mortal é que a agente do FBI Lee Harker tem um poster do Rio do Duran Duran no seu quarto de adolescente, na casa de sua mãe, enquanto no quarto do desgraçado Longlegs tem um poster do Lou Reed , Transformer, sobre seu espelho. Mas à medida que o filme se desenvolve, as referências também “se desenvolvem”.
Longlegs, em princípio, é um thriller bem doente, filhotes de O Silêncio dos Inocentes com Seven, aquela história da agente do FBI que fica obcecada por encontrar um serial killer e que quanto mais vai entendendo o modus operandi do cara, mais vai tendo medo de onde está se metendo.
E pior.
Quanto mais ela vai desembaralhando as pistas de décadas sem resolução, mais seus superiores no FBI vão achando tudo muito estranho também.
Só que diferente de Clarice d’O Silêncio dos Inocentes, Lee sofre muito à medida que vai entrando no estranho universo de Longlegs, como se ela o entendesse como ninguém mais mesmo.
Longlegs cria seu próprio universo, seu próprio meio de comunicação e podemos até dizer, seu próprio calendário a partir de um algoritmo que ele inventou, como diz Lee.
A trama toda do filme é muito boa, fazendo jus às inspirações iniciais do filme mas chega um momento que o diretor Oz Perkins (filho do nosso preferido Anthony Perkins) nos dá uma porrada na cara sem dó nem piedade e só comprova que ele é um dos diretores mais competentes e surpreendentes do horrorzão americano.
Ah.
Quase esqueci.
Longlegs é o novo filme do Nicolas Cage, que também serve como produtor do filme e eu ouso em dizer que é seu melhor filme desde Mandy de 2018. E não, eu não gosto muito de Porca.
Cage aqui ousa de uma forma diferente do que ele tem se acostumado a fazer. Apesar de todos os pesares, como você vai ver, acho o Longlegs de Nic mais contido do que ele como um assassino malucão de outros filmes que grita por gritar.
Aqui tem construção de personagem, tudo com motivo, o cabelo, o nariz, até os exageros que aqui são mais que necessários.
NOTA: 1/2