Uma das minhas poucas regras na vida é “don’t believe the hype”, não acredite nos famosinhos, e The People’s Joker é o típico filme que começou sua “carreira” com o hype criado por sua própria criadora, diretora e atriz Vera Drew.
O hype todo nasceu porque The People’s Joker é um filme que pode até ser considerado uma história que se passa num multiverso do Batman. Na verdade é exatamente isso. E a história toda é: como Vera lançaria seu filme totalmente transgressor baseado no herói e nos vilões mais conhecidos dos quadrinhos.
Nada é muito claro com o final do processo todo mas diz a lenda que Vera Drew conseguiu que seu filme fosse lançado porque seus personagens foram considerados transgressores.
Obrigado aos advogados que conseguiram porque desde o ano passado, quando foi lançado em festivais que eu queria muito assistir esse absurdo que é The People’s Joker.
Chamar de transgressor é válido mas é pouco.
The People’s Joker é um filme inventivo, inteligente, muito bem escrito e pro meu choque, muito bem dirigido.
O filme se passa mesmo em uma Gotham virada de vários avessos onde o Batman é um fascista no nível bolsolixo e uma das primeiras leis da cidade é que é proibido fazer comédia. Olha que f0da: ela pegou o personagem mais escroto do universo, o Coringa, que é um bandido totalmente fascistão e o transformou num cara bacana, trans, cheio de reflexões interessantes e colocou o Batman em seu devido lugar, do playboy vigilante miliciano que na verdade é.
O Coringa, vivido pela Vera Drew, super amigo do Pinguim, resolve criar um clube de anti comédia, em um antigo parque de diversões abandonado, com o dinheiro emprestados pelos pais do Pinguim.
Nesse clube, todos os “párias”de Gotham se encontram, discutem a vida, discutem a própria Gotham e principalmente o lixo do Batman.
Só que a gente enxerga os personagens deste universo recriados. Transgredidos.
E não só isso.
A forma de The People’s Joker, o modo como Vera Drew resolveu contar seu filme é das coisas mais legais que vi no ano. Inventivo, transgressivo, exagerado, abusado e totalmente pertinente, são os menores adjetivos possíveis que o filme merece.
Mas pra mim o mais incrível é que The People’s Joker tem a “cara” de filme B, de filme trash, de doideira desmedida e o é.
Só que imagina fazer um filme desses totalmente consciente do que se está fazendo e fazê-lo da melhor forma possível. E impossível, porque eu não esperava ver nada parecido com o que eu assisti no filme.
Viva a Vera Drew, espero do fundo do meu coração amante de cinema que este seja o primeiro de muitos filmes que venham de sua mente transtornada.
NOTA: