Vamos por partes.
Frederick Wiseman, o diretor de Menus Paisirs – Les Troigros, é um dos maiores documentaristas da história do cinema. Aos 93 anos de idade ele continua firme e forte, fazendo filmes bem longos, primordialmente, que de tão bom parecem durar menos que 1 episódio de sua série favorita.
Os Troigros do título, sim, tem a ver com o Claude Troigros, o chef dos programas da Globo, um dos grandes chefs do Brasil. Este filme é sobre os restaurantes de seu irmão Michel, que vive na França com seus filhos também chefs, comandando 3 dos estabelecimentos mais estrelados, desejados e como todos dizem, perfeitos do mundo.
Menus Plaisirs é um documentário de 4 horas de duração sobre como funciona toda a operação dos restaurantes dos Troigros e ao final, como os clientes dos restaurantes pagam quantias astronômicas para terem momentos inesquecíveis.
Como diz um cliente, memórias por vezes mais importantes que as familiares, que se perdem com o tempo.
Eu sou suspeito para falar de filmes sobre comida, restaurantes, ficções ou documentários, porque sou tão apaixonado pelo tema que em minha primeira pós graduação em comunicação eu consegui falar de comida e criar uma teoria a respeito de programs de culinária e produtores de conteúdo de comida.
Menus Plaisirs é mais uma obra prima de Wiseman, onde a gente pode de novo entender como funciona a cabeça deste diretor a partir do que assistimos no filme e principalmente pela forma que resolveu contar sua história.
As câmeras de Wiseman flanam pelo dia a dia dos restaurantes, dos planejamentos dos menus, das pesquisas dos chefs a procura dos melhores produtos, das pesquisas para criação dos pratos, sem atrapalhar, sem ser invasivo, como se fosse uma mosquinha assistindo e apreciando.
Só que num restaurante do nível desses, o que a gente não encontraria nunca seria uma mosca.
Assistir Menus Plaisirs é entender como que um restaurante consegue as tão sonhadas 3 estrelas Michelin, pelo cuidado com os preparos, pelo atendimento impecável com os clientes, conhecendo os habituais e suas preferências.
É principalmente entender que o que a gente vê na televisão, seja em Masterchefs da vida com as gritarias dos chefs famosos ou mesmo em séries tipo O Urso, onde o chef é um doido, fica gritando, toda uma bagunça na cozinha pra entregar os pratos, é entender que tudo aquilo é para nosso entretenimento, é “para a televisão”.
A cozinha dos Troigros é mais silenciosa que um mosteiro de freiras com voto de silêncio, tudo funciona como uma máquina bem azeitada (ops). Eles falam que os chefss estão sempre todos na mesma vibração que se entendem por olhares.
Poderia ficar horas escrevendo sobre as idiosinacrasias que nos são mostradas no filme que não seriam suficientes para descrever o prazer de assistir Menus Plaisirs.
Se você ama comida, ama o fazer a comida, ama pesquisa, ama trabalho que beira a perfeição, vai amar o filme. Se você só gosta de cinema, de documentários perfeitos, vai amar o filme. Garanto que não tem opção de não gostar essa pérola.
NOTA: