Eu sempre digo que o sonho do M Night Shyamalan é fazer os filmes e as séries da Brit Marling, só que ele não tem a manha porque ele também queria fazer os filmes do Kevin Smith.
Daí ele mistura tudo e não sai nada que presta.
Depois de assistir Os Impactados via @FantasiaFest, digo que se o Shyamalan tivesse mesmo a manha ele faria um filme como Os Impactados.
Que filme, minha gente, que doideira, que precisão da diretora Lucía Puenzo, filha de um dos meus argentinos preferidos, o grande Luis Puenzo de A História Oficial, primeiro Oscar pros meus hermanos preferidos.
Lucía cria um universo totalmente possível mas absolutamente fantástico quando conta a história de Ada, uma veterinária que é atingida por um raio enquanto atendia uma vaca em um pasto.
Eu até então só achava lindas as “tatuagens” que as pessoas atingidas por raios apresentam, que é o quanto a eletricidade percorre seus corpos e em Os Impactados eu aprendi o quanto essas pessoas sofrem.
Acompanhar o périplo de Ada ao tentar se entender e entender o seu corpo, é o maior drama possível.
Lucía não só sabe isso, como resolveu encarar a história de uma forma bem pessoal de sua personagem principal e a transformou em um conto fantástico, colocando Ada em um nível de quase super heroína, de mulher com poderes únicos, com vontades e desejos únicos e principalmente com uma dor única e inexplicável.
Essa dor de Ada, unida ao seu prazer, ao seu dia a dia é o que a faz essa nova mulher, o que a leva por um caminho sinuoso muito bem explorado pela diretora que também coloca seu filme em caminho sinuoso, nos entregando o filme menos óbvio possível que, como eu disse, é uma das grandes surpresas do ano.
Antes de terminar, preciso falar da chilena Mariana Di Girolamo, por quem eu já tinha me apaixonado em Ema, do Larrain e que aqui mostra que seu caminho, pra nossa sorte, vai ser longo e glorioso.
Ah, quer notícia boa? O filme já está na Netflix.
NOTA: 1/2