Eu amo cinema incondicionalmente e um dos motivos que me faz só querer assistir mais e mais filmes é de vez em quando, bem de vez em quando, assistir uma pequena obra prima como este The G.
O filme é um noir sem sentimentalismos bobos, um tão contemporâneo quanto poderia ser, escrito e dirigido pelo meu mais novo ídolo, Karl R. Hearne, que não só criou e realizou The G como teve a mais brilhante das ideias de chamar a diva Dale Dickey para estrelar este petardo.
Ela é The G tdo título, de Gradmother, avó.
Só que “A” avó, a mais malucona, poderosa, amada pela neta Emma, até que leva um golpe, junto de seu marido, que faz tudo mudar.
Lembra do filme Eu Me Importo, de 2021, onde a Rosamund Pike era uma pilantra que conseguia na justiça mandar idosos para asilos sem sua vontade, mas com poder judicial. E assim a pilantra ficava com o poder total sobre a vida desses idosos, inclusive de seu dinheiro, bens, imóveis e tudo mais.
Aqui acontece a mesma coisa com a avó poderosa e seu marido.
O pilantra aqui é Rivera, dos malvados sem vergonha.
E como num belo de um filme noir, o vilão é o pior possível, a mocinha tem uma reputação duvidosa e a história é muito bem escrita e contada. E Dale Dickey é a cereja do bolo.
Tudo o que a gente espera de uma mocinha que poderia ser facilmente a vilã da mesma história, Dale nos entrega.
A avó é a personagem mais incrível e multi facetada deste 2024 que com olhares sutis faz mais estrago que uma arma nas mãos de uma criança. Em uma cena em seu quarto do asilo, Dale responde a uma informação crucial com um meneio de boca que eu quase gritei quando vi no filme.
Todo o esquema criado no roteiro de Hearne, por mais inteligente que seja, e o é, na minha opinião só atinge um novo degrau graças a dupla dinâmica formada pelo diretor e sua diva atriz.
Quando a gente acha que entendeu a personagem, o roteiro vai lá e nos entrega novas informações e depois outras e depois mais outras. E é assim com toda a história, que por mais “simples” que seja a do pilantra que quer o dinheiro dos velhinhos, aqui é também elevada a uma categoria de nota 10 com estrelinhas.
Desde A Love Song, o filme anterior de Dale, que lá eu dizia ser uma “atriz de atrizes”, amada com força por suas companheiras de ifício, que eu ficava esperando qual seria seu próximo passo e eu não poderia esperar que o passo fosse tão largo e tão ousado, com uma virada de 180 graus de tema, mas com uma semelhança filosófica das personagens de ambos os filmes, mulheres fortes, que não desistem, poderosas, com esperança de um final pelo menos razoável, mesmo que isso pareça ser impossível.
Mais um diretamente do @FantasiaFest
NOTA: