Perdido pela Netflix está Chabuca, uma comédia dramática biográfica peruana sobre um jovem pretendente a ser ator, pobre, gay, que descobriu sua verdadeira vocação (e sucesso!) quando começou a se vestir de mulher e criou a personagem título do filme.
Chabuca sai diretamente das pequenas boates underground gays e vai para a televisão como um alívio cômico em programas já engraçados mas com aquele humor de sempre, que ninguém mais aguenta.
Mas o bom do filme é que até a Chabuca estourar, vemos a jornada do (anti) herói Ernesto Pimentel, de menino pobrezinho que perde a mãe ainda na infância, quando já mostrava que gostava das roupas brilhantes que ela usava e de ir ao circo para ver as atrações todas.
Ele vai morar com sua avó, mais pobre que a mãe, e consegue meio que sobreviver trabalhando numa mistura de orfanato com casa de velhinhos para uma freira que o adora e o indica para todo mundo que conhece, inclusive um padre que coloca Ernesto em uma escola católica onde os moleques de cara tentam intimidá-lo e ele já mostra a que veio, defendendo o nerd afeminado da classe de quem vira amigo para a vida toda.
Aliás, o círculo de amizade de Ernesto é cheio de pessoas que entram e nunca mais saem de sua vida e lá na frente, quando Chabuca chega a televisão, a família que a drag queen escolheu para ser sua vai junto com o sucesso e aproveita ambém todas as oportunidades que se abrem a sua frente.
O filme poderia ter sido feito em qualquer rincão do Brasil ou de qualquer outro país de terceiro mundo onde as Chabucas se proliferam mas nem todas atingem o nível que a rainha das drags peruana alcançou.
A delicadeza e principalmente a inocência que o diretor Jorge Carmona escolhe para contar a história levam Chabuca a um nível inesperado de filme ao mesmo tempo despretensioso e arrebatador.
NOTA: