Assistir Catching Fire: The Story of Anita Pallenberg é fazer um viagem boa (de ácido?) pelos loucos anos 1960/70 a bordo da trupe mais malucona possível, ou uma delas, na verdade, comandada pela Sister Morphine, a irmã morfina.
Anita foi uma atriz que nasceu em Roma e foi criada na Alemanha, descoberta pelo grande diretor Volker Schlondorff que se apaixonou (platonicamente) por ela, que virou sua musa e sua grande amiga da vida, com quem fez 3 filmes e abriu as portas do cinema europeu pro furacão Anita, que pra coroar a carreira de atriz, foi a vilã The Great Tyrant de Barbarella.
MAs a história de Anita está totalmente ligada aos Rolling Stones e depois de assistir esse filme e depois de ter visto o documentário sobre Brian Jones, a gente chega a conclusões incríveis, algumas óbvias e outras que meio me deixaram de queixo caído.
Anita foi o grande amor de Brian Jones, como vimos no doc mas também foi o grande amor de Keith Richards, com quem viveu grande parte da vida, com quem teve 3 filhos e com quem dividiu os piores vícios e as maiores virtudes, que como diz seu próprio filho Marlon, não foram muitas.
Aliás, Marlon Richards tem esse nome porque quando nasceu e os pais junkies da heroínas não sabiam como chamá-lo, Keith recebeu um telefonema de Marlon Brando dando parabéns pelo primogênito e Anita achou que o filme tinha cara de Marlon.
Ah, na verdade ele se chama Marlon Lou Sundeep Richards: Marlon do Brandon e Lou SunDeep de LSD. Que fofura. Eu amei.
Mas esse não foi o único “problema” que Marlon e sua irmã Alexandra Dandelion (dente de leão, olha que fofura 2), já que seus pais sempre estavam doidos demais de verdade e quem cuidava da casa sempre foi Marlon que aprendeu bem pequeno a empacotar tudo rapidinho e fugir antes que a polícia chegasse e os prendesse por posse de drogas pesadas, todas, onde quer que estivessem.
E por esse motivo a família Richards morou por anos e anos na Suíça, o único país onde eles não seriam presos nem perseguidos o tempo inteiro.
Essa era o dia a dia de Anita, companheira de um dos maiores ídolos da música, depois de ter sido casada com seu companheiro de banda e por quem outro companheiro de banda, Mick, o Jagger, também se apaixonou quando eles estrelaram o filme Performance e tiveram um caso e tudo bem porque, né.
Mas acabou o filme acabou a putaria, Anita volta pro Keith, Mick volta pra Mariane Faithfull e ainda desolado escreve You Can’t Always Get What You Want pra diva (nem sempre você consegue o que você quer) e Keith escreve Gimme Shelter e canta “war, children, is just a shot away” (guerra, crianças, tá a um teco de distância).
Dizer que a vida de Anita Pallenberg entrou em decadência em algum ponto seria fácil se tivesse algum ponto de referência mas infelizmente (ou felizmente, depende do ponto de vista) sua vida sempre foi um caos o que a levou ao topo dos ícones da contracultura ou da subcultura da época, ao lado de mulheres fodonas como Mariane Faithfull e Nico, as “irmãs morfina”.
este filme tem sido criticado exatamente pelo fato de tentar “espetacularizar” a decadência junkie, o desespero humano mas eu acho que essa pseudo espetacularização não existe, o que existe é a história de uma junkie famosa, porque na minha perspectiva ela era uma junkie e depois era atriz, musa, mãe, artista.
Como vemos no filme em muitas imagens e úadios de época, já que ela vivia no meio do furacão pop dos 60’s e 70’s, e principalmente pelo filme ser produzido e quase narrado por seu filho Marlon, a Anita doida era a Anita, todo mundo sabia, quase todo mundo amava e alguns poucos cuidavam, o que nunca foi o suficiente porque as desgraças mais pesadas eu nem falei por aqui, como por exemplo, a morte de seu terceiro filho com Keith e a morte trágico-absurda de seu “amante” de 17 anos de idade.
É história que não acaba mais.
Viva a Anita.
NOTA: