Godzilla Minus One é para os filmes de monstros e dos filmes do Godzilla em si o que Logan foi para os filmes de super heróis, um filme mais humano, com um background bem triste onde a história do personagem principal e título do filme seja quase que coadjuvante com o que vemos em primeiro plano.
E este é a genialidade do filme, levando este já clássico japonês ao sucesso no Oscar, vencendo o prêmio de efeitos especiais quando concorreu com pesos pesados hollywoodianos.
A comparação do orçamento ínfimo deste filme, feito com muita inteligência e excelência, com seus concorrentes no Oscar 2024 eleva o filme a um patamar maior ainda, com outro ponto importante por este filme ser o primeiro de língua não inglesa a vencer o prêmio de melhores efeitos especiais.
Essas já seriam razões suficientes para você assistir o novo Godzilla, mas o filme em si com um roteiro bem esperto, humanista e quase piegas, pega fundo nos nossos coraçõezinhos (nem tão) peludos.
Num Japão destruído pela Segunda Guerra Mundial, um ex piloto kamikaze, que teve um encontro com Godzilla em uma ilha no meio do oceano que funcionava como uma oficina e foi devastada pelo monstrão de onde, a ironia, foi o único a sair vivo.
Ao chegar em sua cidade arrasada e ele também arrasado, descobre que seus pais morreram, tudo está destruído e em sua casa ele encontra uma mulher com a filha abrigadas de todo o caos.
Ele deixa que lá elas fiquem enquanto vive com a vergonha de ser o kamikaze que sobreviveu, ouvindo inclusive que seus pais só morreram porque ele não fez seu trabalho como deveria.
E o Godzilla? Sumiu?
Claro que não.
Ele apareceu destruindo navios e o que encontra pela frente. Pra piorar, as forças armadas japonesas não podem fazer nada muito radical para “não importunar nem a União Soviética e nem os Estados Unidos”. Por isso eles bolam um plano mirabolante usando ex oficiais que sobreviveram à guerra, inclusive nosso protagonista deprimido e enfurecido, que vai usar de sua experiência prévia para ajudar com o plano mirabolante para que Godzilla não chegue a Tóquio. De novo.
A inteligência do filme, como eu disse, tirando o peso (ops) do Godzilla e focando na destruição do Japão causada pela guerra e não por um monstro e depois o povo esperando que Tóquio seja destruída pelo monstro.
Só que diferente de Logan, onde o próprio estava no ocaso da vida, deprimido e encontrando forças para ajudar quem precisa e deixando de lado o fato dele ser um x-man e de ter poderes absurdos, aqui o foco é no país destruído, na população deprimida, fazendo o que pode para sobreviver à próxima catástrofe, o que aqui, não por acaso é o Godzilla.
E sim, os efeitos especiais são lindos. Godzilla Minus One tem cara de filme japonês dos anos 1950 com efeitos especiais de 2024, tirando aquela aura do Godzilla como brinquedo de criança animado como dava, levando o monstro japonês a um novo patamar de cinema, não como filme hollywoodiano que importou o “lagartão”e tentou americanizá-lo, como até deu certo antes mas não tanto quanto este.
Se bem que, mea culpa, amo o último Godzilla que vi no cinema, com toda a papagaiada de portais na Terra e povos vivendo no centro do planeta.
Mas esse Godzilla Minus One é outra coisa, outro nível e o Oscar bem esperto reconheceu o que viuu aqui.
NOTA: