Acabou de estrear no MUBI uma pequena pérola chinesa, The Last Year Of Darkness.
Este é um documentário sobre o Funky Town, um clubinho underground chinês que está prestes a ser demolido graças ao progresso, como era conhecido antigamente mas que agora teimam em chamar de gentrificação.
Fiquei com um aperto no peito ao assistir esse filme porque me lembrei de uns bons 10 anos atrás (já?) quando os meus clubinhos undergrounds preferidos de São Paulo começaram a perder sua “importância” na noite com todas as mudanças culturais que acontecem e que não necessariamente são mudanças físicas radicais como a demolição dos prédios ou das casas onde ficavam o Gourmet, A Loka, o Vegas e por aí vão os lugares que eu mais me diverti e onde mais toquei como DJ também.
Para quem não costuma sair muito ou não necessariamente frequenta inferninhos, o Funky Town retrata muito bem o lugar pequeno, esfumaçado (porque lá ainda se pode fumar), barulhento, estranho, exótico, cheio de gente estranha e de festas esquisitas que eram esses lugares que eu citei e muitos outros espalhados pelo mundo todo.
Apesar da língua ser a chinesa, parecia que eu estava em qualquer cidade com o mínimo de referência de música eletrônica e diversnao noturna não tradicional.
As personagens do Funky Town são as mesmas de São Paulo, com suas vidas cheias de problemas, suas casas cheias de gente dormindo pelo chão, seus afters virados com medo que a amiga caia do topo do prédio (quem nunca), suas famílias que insistem em perguntar porque a pessoa parou de estudar e resolveu virar drag queen.
O doido é que tinha momentos do filme que eu parava de ler a legenda e parecia que entendia exatamente o que estava acontecendo.
Prepare-se pra experimentar um pouco do hedonismo, da jogação, da depressão e da diversão que é uma boate gay doida alternativa melancólica.
NOTA: 1/2