Os Colonos é o filme chileno queridinho da crítica desde que estreou no Festival de Cannes em 2023 e saiu de lá com uma prêmio bom, adivinha, da crítica internacional.
Os Colonos é um filme bem legal mas para mim é o que eu chamo de filme festivaleiro, o filme realizado depois de minuciosamente pensado para fazer sucesso em festivais.
Os Colonos fala sobre uma passagem muito específica da história chilena; tem um personagem principal gringo, no caso um escocês escroto; é quase inteiramente falado em inglês, mesmo personagens de pessoas de povos originários de séculos atrás falam inglês (com explicação até, mas não); é lindamente fotografado; se passa em paisagens infinitas e bem exclusivas; os personagens chilenos, ou os mestiços, sofrem; o terceiro terço do filme tem cara de filme europeu.
Se quiser fazer um filme premiado e hypado, siga as regrinhas acima.
O diretor estreante Felipe Gálvez Haberle seguiu e se deu bem.
De novo, Os Colonos é bom. É lindamente fotografado. Tem um elenco quase ótimo e tem uma direção bem competente, mas mais preocupada com a estética. O que não é ruim. Neste caso.
Bom, o filme é sobre um oficial do exército inglês, que agora trabalha para um dono de terras do Chile no século XIX e precisa atravessar o país para chegar na Patagônia chilena para garantir que as terras do patrão não estejam invadidas.
Para isso ele leva consigo um americano bem safado, bem sem escrúpulos e um chileno com uma pontaria perfeita, o que é fundamental para essa viagem a cavalo atravessando terras desconhecidas e inóspitas.
A violência, a tal da falta de escrúpulos, a moral inexistente ou deturpada, a superioridade forjada a fogo são os elementos principais deste dramão que se tivesse uns closes e um pouco mais de dinheiro, deixaria bem claro o amor que o diretor tem pelo Tarantino (o poster é só uma dica descarada mesmo).
O que de novo, não é ruim.
Os Colonos poderia ser um filme do Karim Ainouz, por exemplo, outro diretor que faz filmes bem brasileiros mas com cara de filmes gringos. Lindos e com cara de super profundos, perfeitos para plateias de festivais que assistem 5 filmes por dia.
Tenho certeza que o diretor Haberle logo vai estar nos EUA dirigindo episódios de séries bacanas de tv e fazendo filmes genéricos com atores famosos mas que ninguém assiste.
Uma pena, porque ele é um ótimo diretor.
NOTA: