Adoramos filmes onde a vida real da personagem principal se mistura com seus delírios?
Adoramos.
No caso de Stopmotion, a vida de Ella Blake, uma animadora de filmes stop motion, quadro a quadro, se mistura com os mundos bizarros e sombrios que ela cria em sua própria animação.
Quer dizer, a parada é pior ainda porque esse mundo bizarro do filme foi criado por sua mãe, uma animadora famosa. E pra piorar, Ella tem uma nova vizinha, uma adolescente de uns 12 anos de idade mas que parece ter 300 anos de cabeça dodói.
Stopmotion confirma a minha teoria que todo filme de horror é na verdade um documentário bizarro sobre distúrbios mentais. E quando o horror é também psicológico, como neste caso, a parada fica mais bizarra ainda.
Quanto mais o filme de Ella vai ficando estranho, mais ela própria vai ficando estranha na vida real. Quanto mais seus bonecos bizarros vão se comportando de formas doidas inclusive a levando até a usar um “cadáver” em sua animação.
Ella é vivida pela maravilhosa irlandesa Aisling Franciosi, que a gente sempre vê em papeis coadjuvantes em filmes e séries mas que ganhou nossos corações no doente The Nightingale.
Este Stopmotion faz parte de uma “onda”, talvez, de filmes britânicos com os 2 pés no bizarro, no surreal, no horror doente e desgraado como Censor, Mad God, In Fabric e todos os outros filmes do Peter Strickland como seu mais recente Flux Gourmet.
trilha irritantemente poderosa.
e1uipamentos de cinema usados como armas mortais me lembrou de Peeping Tom. Maravilhoso.
Outra lembrança boa que me remeteu este Stopmotion foi Peeping Tom, o filme da década de 1960 onde um “cineasta” desgraçado e bem stalker, mata suas vítimas com sua câmera 16mm. Não temos isso em Stopmotion, mas a vibe de cineasta doida que vai pirando mais ainda com certeza vem de lá.
Inclusive a trilha deste filme é parte importantíssimo na história, o tipo de recurso que junto co a direção de fotografia e direção de arte podem elevar ou acabar com o filme. Em Stopmotion, nota 10 para a equipe técnica e criativa.
E que venham mais filmes de horror desgraceira, de escalada de piração, de supra realidade, de psicológico destroçado, que é o que nos leva a mundos paralelos que a gente não quer viver na vida real.
NOTA: 1/2