Eu confesso que não poderia ter ficado mais surpreso do que fiquei com este absurdo de documentário Peter Doherty: Stranger In My Own Skin.
Há tempos não via um filme tão cru e tão cruel ao mesmo tempo que cheio de amor sobre um rock star, ou melhor, sobre O rock star, aquele que a gente achava que não existiria mais hoje em dia, o cara viciado em heroína que se pica na frente da câmera, o cara que fuma crack como se fumasse cigarro, o cara que mora numa pocilga fazendo o show mais esperado de um festival como Reading.
Se bobear, desde Dig!, o documentário maravilhoso sobre os “amiguinhos” The Dandy Warhols e Brian Jonestown Massacre.
E que apesar de todos esses pesares, ou por causa desses pesares, continua sendo maravilhoso em suas criações, em seus shows, ao ler seus textos, ao cuidar de seus amigos e ao ser amado por uma esposa que não por acaso é uma diretora de cinema e que teve o sei lá, sangue frio, de filmar tudo o que vemos na tela, de manter a distância da documentarista necessária para não interferir no que ela filmava.
E esse tudo era tudo. Mesmo.
Fã do Libertines que sou, Pete Doherty pra mim sempre foi o ídolo e o vilão, pelos mesmos motivos: ele é cara mais doido de todos, que acabou com a banda, que namorou a Kate Moss, que escreveu as letras mais lindas e poderosas, que fazia as melhores músicas e que agora eu consigo vê-lo em sua intimidade, entender como funciona sua cabeça, sua lógica sobre as drogas, sua filosofia de vida, fez com que eu me apaixonasse mais ainda pelo figura.
E o melhor de tudo é ter certeza que eu estou do lado certo da história, amando uma banda dessas, um cara desses, com história, com marcas pelo corpo inteiro e pela alma toda, que joga na nossa cara que ele é assim e pronto e que agora nos é desnudado por este filme da Katia de Vidas que nasce em nossa frente como uma grande documentarista.
Não se deixe enganar, Peter Doherty: Sranger In My Own Skin é um filme sobre drogas, sobre um rock star viciado em todas as drogas, sobre como o vício afeta a vida de um artista, sobre como ele cria, vive, sobrevive e tenta não morrer, mesmo sabendo sempre que o fim é iminente.
E só por isso o filme já poderia ter um belo de um selo #alertafilmão.
NOTA: 1/2