É com muito prazer que informo que a partir de hoje, pelas próximas 2 semanas mais ou menos, estarei cobrindo mais uma vez o Festival Slamdance.
O Slamdance é um festival criado por diretores de cinema independentes dos EUA como uma resposta ao Sundance ter meio que perdido sua essência e se voltado a filmes “nem tão indies assim”.
O Slamdance é o lugar para experimentações, gente malucona, filmes absurdos e entrevistas inesperadas com esses criadores todos, o que eu amo muito.
Já vou começar com os 2 pés no peito com The Complex Forms, um filme italiano que me deixou de 4, babando, chocado e pra ser sincero, já quero ser o melhor amigo de infância do diretor Fabio D’Orta.
O filme começa com um homem de seus 50 e poucos anos de idade, que poderia muito bem ter pelos 40 também, sendo entrevistado por um senhor bem mais velho em um escritório/consultório lindo, no que parece ser uma mansão, mas que vamos ver logo em seguida ser um palácio.
Esse homem está assinando um contrato de “trabalho” no valor de 10 mil euros, o que fará com que ele trabalhe por 12 dias.
Na hora já pensei, e sei que você também: eu quero, onde assino?
Logo descobrimos que Christian (o ótimo David Richard White) é um homem meio que sem nada a perder e que está vendendo seu corpo, por esse 12 dias, para ser possuído por alguma coisa que ele não sabe exatamente o quê.
Fantasma? Espírito? Criatura? A espera é agonizante e a gente aprende com ele que o momento que alguém que está neste palácio, nesta vila, o momento que a pessoa é possuída, o mundo literalmente treme.
O diretor D’Orta criou seu pequeno gigante universo fílmico em preto e branco, com uma fotografia super climática, a trilha perfeita e com uma direção de arte que quase não aparece mas que na verdade não quer aparecer e por isso mesmo muito precisa e linda e o melhor, ele nos entrega uma mistura de drama, horror e ficção científica como há muito eu não via em um filme fora de estudião com muito dinheiro.
O genial de The Complex Forms é que ao mesmo tempo que parece ser um filme sóbrio e formal, D’Orta nos entrega uma obra que mexe com nossos sentidos de formas mais complexas do que ele nos faz crer em princípio.
Nada no início de The Complex Forms indica para onde o espectador será levado e não, não falo de reviravolta de roteiro, de truque fácil de plot twist. O roteiro aqui é sólido, muito bem estruturado e melhor ainda traduzido para a tela.
Chamar de filme de gente grande é pouco.
The Complex Forms é uma aula de como se fazer cinema muito bem feito à margem, com ideias incríveis, relaização beirando a perfeição e um produto final digno de Festival com F maiúsculo.
NOTA: