As 4 Filhas de Olfa é uma bomba atômica que cai nas nossas cabeças deixando nada como era antes.
Lembra do filme The Act Of Killing, de 2013, onde uma equipe ia pra Tailândia filmar com esquadrões da morte suas próprias histórias de terror?
As 4 Filhas de Olfa tem uma ideia parecida.
A diretora tunisiana Kaouther Ben Hania (que eu amo desde sempre) faz quase a mesma coisa com a história de Olfa, uma mulher tunisiana que passa por um trauma maior e pior que tudo: suas 2 filhas mais velhas se juntam ao Isis.
Kaouther recria com Olfa, suas 2 filhas mais novas e mais um elenco incrível toda a história da família, desde o casamento, a noite de núpcias violenta, as histórias da mãe com as filhas e o momento horrendo onde as mais velhas somem.
Absolutamente tudo no filme é incrível, desde a ideia inicial, a concepção do documentário até o quanto as atrizes interagem com as 3 mulheres e o quanto as relações nascidas no set de filmagem são mais fortes e poderosas do que poderiam prever.
O filme começa fofo, engraçado, quando Olfa vai entendendo o que vai acontecer no filme, com as atrizes vivendo sua família a partir de suas histórias e do quanto ela vai ter que se conectar com a atriz que a viverá.
À medida que as histórias vão sendo contadas e os traumas vão sendo relembrados, Olfa e suas filhas vão revivendo histórias que elas não sabiam o quanto poderiam ser ruins. O clima criado pela diretora no set foi o melhor possível, fazendo com que por vários momentos os limites entre real e lembrança, pessoas reais e atrizes e os fantasmas voltam a assombrar a família toda.
As 4 Filhas de Olfa é, como eu disse, um absurdo de bom, é uma aula de como fazer cinema não convencional, de como se aproximar de histórias que não necessariamente deveriam ser revividas e principalmente, contar essas histórias para nós, meros mortais.
NOTA: