Sam Esmail, um dos diretores mais hypados da tv americana dos últimos anos fez muita coisa boa como Mr Robot e minha preferida Homecoming, com Julia Roberts de quem ficou muito próximo.
Diz a lenda, a própria Julia Roberts, a maior de todas, que no início da pandemia Esmail ligou pra ela e disse que tinha comprado os direitos do livro O Mundo Depois de Nós e pediu para ela ler e se juntar ao projeto.
Ela disse numa entrevista que ficou com medo do livro, que só lia durante o dia e que isso já fez com que ela produzisse o filme.
E o resto é história.
Na minha estúpida opinião, Esmail quis fazer um filme do Yorgos Lanthimos e acabou fazendo um filme do Shyamalan.
Que pena.
Julia é Amanda que um dia acorda bem doida, aluga uma casa incrível fora da cidade e pra lá vai com sue marido e 2 filhos para desestressar.
Clay (Ethan Hawk meio patetóide) é o pai da família que fica meio sem saber o que está acontecendo, vai se impressionando com tudo o que está acontecendo, principalmente com o desespero de sua filha mais nova que precisa assistir o último episódio de Friends em seu celular no carro e ela está sem sinal, assim como toda a família.
Ao chegarem à casa, eles relaxam de verdade porque, primeiro a casa é muito mais maravilhosa do que eles esperavam, as crianças se jogaram na piscina, o casal já foi dar uns beijos e tomar vinho e não percebem o que está iminentemnete acontecendo à sua volta.
E mais nada deve ser dito deste drama apocalíptico desesperador que cria um nível de tensão a medida que a história vai se desenvolvendo que olha, parabéns Esmail.
Ah, claro, chega uma hora no filme que batem a porta da casa onde a família está abrigada e ao abrirem eles encontram um homem e sua filha (Mahershala Ali roubando o filme e Myha’la incrível), dizendo que eles são os donos da casa e que precisam de abrigo.
E a tensão toda só aumenta.
E falar em tensão, a trilha de Mac Quayle, colaborador antigo de Esmail, talvez seja a melhor coisa do filme, com uma vibe minimalista muito propícia para a forma com que o filme é contado.
Tudo no roteiro do filme é milimetricamente criado para que a tensão sempre cresça, mesmo que algo mostrado não faça sentido mas que tempos depois acabe servindo de explicação para alguma história que nós não vimos em tela mas que seja necessária para a trama final.
Eu sempre falo por aqui o quanto é assistir um filme e perceber o diretor em detalhes incríveis onde ele não necessariamente gostaria de ser percebido e a gente vê a genialidade da cena, da sequência ou mesmo de sei lá, um close.
Aqui o diretor Esmail faz o extremo oposto: ele nos mostra que está lá, no meio das cenas, das sequências, com mirabolâncias de câmera, com as melhores e mais tecnológicas gruas possíveis mudando a perspectiva do que ele está nos mostrando para nos lembrar que nada está normal, que tudo está sendo virado de cabeça pra baixo.
Ao mesmo tempo eu me incomodei com essa intromissão, eu fiquei bem impressionado com a “cara de pau fílmica” do cara que vai cada vez mais tirando o nosso chão, tirando os nossos pontos de conforto que a gente ia pensando que aparecem pelo filme mas que na verdade são “pegadinhas” que vão ajudando na construção do desespero do filme.
Eu só fiquei esperando que a ousadia de Esmail fosse mesmo para o lado surreal/bizarro do grego Yorgos e não para o lado mais fácil hollywoodiano, ou melhor, de uma solução netflixana, que já é sim um novo jargão.
NOTA: 1/2