Que filme, meu povo.
O super indie LGBT Mutt (pode ser “vira lata”, pode ser “pateta”) é dos filmes mais legais do ano por tratar seus personagens como gente de verdade mesmo.
Hoje em dia no cinema vindo dos EUA, na minha opinião não tem nada mais difícil que isso, fazer filme sobre gente que a gente identifique logo de cara, como os personagens de Past Lives ou de A Thousand and One, não por nada filmes super indies também e com altas chances de serem premiados no próximo Oscar, o que seria lindo pra ver os bilionários de Hollywood se rasgando de ódio.
Mutt é sobre 24 horas na vida de Feña, um homem trans latinx que nesse tempo encontra o ex namorado hétero, a irmã mais nova que não vê há muito tempo e seu pai chegando nos EUA.
A grande preocupação de Feña é estar no aeroporto no horário certo para buscar o pai que está de volta aos EUA para confirmar o seu green card. Só que Pablo não vê Feña desde a transição.
Mas antes ele encontra John, seu ex namorado da época pré transição, um loirinho bem americano e que ela não sabe bem como lidar com ele agora que também é homem.
Aquele sentimento estranho/engraçado de não saber onde colocar as mãos, se no bolso ou se cruza os braços, mostra muito como o diretor Vuk Lungulov-Klotz é sutil o suficiente para em muitos momentos do filme contar as histórias sem muito falar, mais mostrando.
Talvez por detalhes como esses que ele saiu super premiado de Sundance e é um dos queridinhos do Festival.
Mas pra mim a parte mais emblemática do filme é o 1/3 onde Feña passa a tarde com sua irmã mais nova que foge da escola para reencontrar o irmão que fugiu e sumiu.
Logo ele deixa claro que sua mãe, que parece ser uma escrota, o mandou embora de casa e o proibiu de ter contato com a irmã.
Mas não é só isso: Zoe, a irmãzinha, não espera passar pelo que ela passa quando encontra o irmão, ao que parece ser alguma força maior, o amor mesmo, mostrando que os 2 precisam estar juntos e mais presentes em suas vidas.
Mutt é lindo, é daqueles filminhos indie sem cenários construídos, só com locações “reais”, o que o torna mais verdadeiro, bem necessário pra história toda.
Mutt é um filme bem eletrizante, elétrico mesmo, apesar de ter uma aura de draminha fofo e sossegado. Mas não, é drama dos melhores, com personagens incríveis e roteiro melhor ainda.
NOTA: 1/2