Antes de mais nada vou confessar que fiquei muito feliz ao assistir este #alertafilmão e perceber que minhas aulas de basco estão fazendo efeito.
Sim, 20000 Espécies de Abelhas é um filme Basco, espanhol sim, mas feito lá na País Basco que tanto quer se separar da Espanha, aquele paraíso no norte espanhol com a melhor comida e as melhores surpresas pra quem por ¬á viaja de carro.
Mas vamos ao que viemos.
20000 Espécies de Abelhas é daqueles filmes a serem vistos urgentemente: bem escrito, muito bem dirigido e estrelado por Sofía Otero, uma criança de 10 anos de idade, a mais nova a vencer o prêmio de melhor atuação no Festival de Berlim deste ano.
Sofía é Lucía, uma criança que na mais linda e delicada inocência infantil, vive em uma fronteira entre ser Lucía ou Aitor ou Coco, assim como sua família vive na fronteira entre o País Basco e a França, para onde ela junto com seus irmãos e sua mãe atravessam.
A beleza da estreia da diretora Estibaliz Urresola Solaguren é que apesar dela se utilizar muito da metáfora para contar as histórias de Lucía e sua família, nada é bobo ou óbvio o suficiente para que a identidade da personagem principal seja comparada ao que acontece ao seu redor de forma reducionista.
A estética (pseudo) documental, que eu já acho que a gente pode chamar de uma grande intimidade cinematográfica, como a gente vê por exemplo em Alcarràs, um dos meus filmes preferidos dos últimos tempos e também espanhol e também dirigido por uma mulher, essa proximidade com as personagens faz de 20000 Espécies de Abelhas e de sua diretora Estibaliz nomes a serem guardados e louvados.
O filme merece todas as láureas que vem recebendo e torço para que saiu premiado da Mostra de São Paulo. E ainda acho que Estibaliz, assim como Carla Simón de Alcarràs, sejam nomes que começaram uma pequena revolução no cinema espanhol, tão masculino e que, fora os filmes de horror que de lá tem saído com tanto sucesso, não vinha dando espaço para histórias não óbvias.
NOTA: 1/2