Desculpem começar do começo com uma bomba mas o novo filme do mestre dos mestres Almodóvar parece um filme de um Almodóvar preguiçoso que estreou hoje no MUBI.
Eu acho que ele percebeu que estava na verdade fazendo um fashion film pra YSL e desencanou de (quase) todo resto.
Tentaram (quem?) vender esse filme como continuação/homenagem a Brokeback Mountain e eu acho que dizer isso é calúnia.
Estranha Forma de Vida conta a história de 2 caubóis vividos pelos divos Pedro Pascal e Ethan Hawke (de voz rouca, quer ser o Batman?) que, amantes na juventude, se reencontram décadas depois e ao mesmo tempo que matam as saudades sexuais, estão de lados opostos (da lei?).
O filme é o segundo de Almodóvar em língua inglesa, depois do lindo A Voz Humana, estrelado pela musa Tilda Swinton e que hoje em dia, pensando bem, é quase que uma descaracterização do universo almodovariano. Apesar do filme ser lindo e eu ter amado.
Mas como naquele, este filme mostra que este universo, criado em décadas de filmes primorosos, de histórias deliciosas, melancólicas, vividas pelo supra sumo de artistas de língua espanhola, acaba se perdendo quando traduzidos para o inglês.
Neste caso então, tristemente porque em cenas boas que terminam em quase piada, como a cena dos amigos jovens com 2 mulheres tomando vinho direto dos barris, parece que Pedro estava mais preocupado em cumprir o briefing do cliente fashion do que contar uma história propriamente criada.
Sim, disseram que esse era um sonho antigo de Almodóvar, fazer um filme de caubói. Mas pergunte pra qualquer diretor famoso do mundo inteiro se ele não faria um filme de caubóis se tivesse dinheiro sobrando na conta da produtora.
Estranha Forma de Vida tem cenas vergonhosas, como os closes do Pedro e do Ethan andando a cavalo, feitas num green screen mal iluminado com ambos se mexendo de cima pra baixo querendo dar a impressão de estarem cavalgando. Que vergonha.
Apesar de Pascal e Ethan, pra mim quem brilha no filme é o lindo muso português José Condessa e não tem pra mais ninguém.
NOTA: 1/2