Ano passado, e este ano ainda, todo mundo ficou doido por Aftersun, o filminho inglesinho lindaço onde o muso Paul Mescal faz um pai na última viagem de férias com sua filha criança, antes dela entrar na adolescência, um dos filmes mais importantes dos últimos anos.
Scrapper é uma mistura de Aftersun com Projeto Flórida, tendo a delicadeza, a sutileza e o amor de pai e filha de um misturado a crueza bem humorada e o cinismo do outro.
Aqui a história é focada em Georgie, uma menina de 12 anos de idade que vive sozinha em um apartamento na periferia de Londres depois que sua mãe morre.
Ela é inteligente, esperta e consegue enganar todo mundo dizendo que seu tio veio morar com ela.
Até que de repente chega Jason, seu pai que a abandonou logo que ela nasceu e que soube da morte de sua ex.
Em princípio Georgie fica com os 2 pés atrás em relação ao pai, primeiro tentando entender o porquê dele ter reaparecido depois de 12 anos sem dar a menor notícia, sem queres saber dela.
Mas logo ela percebe que ter o pai por perto ela consegue relaxar um pouco e não precisa mais pedir para que o vendedor do mercadinho da esquina fale frases que ela tem gravado e usado em telefonemas com a diretora de sua escola.
Agora lembra o que eu disse: lembre-se de Aftersun, lembre-se de Projeto Flórida, pense em um filme muito bom, muito bem escrito e dirigido com uma dupla principal, a menina Lola Campbell e o novo muso Harris Dickinson, tudo sob a batuta da ótima diretora estreante em longas Charlotte Regan, que sabe muito bem o que está fazendo em Scrapper.
Georgie descobre que ela é muito mais parecida com seu pai do que ela poderia imaginar.
Ela descobre que o pai, que vivia em Ibiza, trabalhando em baladas, é o cara mais cool que ela conhece, apesar da roupa que usa, que pra Georgie é meio cafona.
Scrapper é menos melancólico que Aftersun e aqui fica minha última comparação, já que são filmes bem diferentes com o mesmo tema. Aqui é um filme de reconexão, de finalmente encontro, de que bom que o pai voltou e que a filha descobriu sua história.
A diretora Charlote dá várias aulas de como dirigir uma criança, de como ter um ator adulto bom e colocá-lo num mesmo nível que uma atriz não tão experiente e principalmente, a diretora transformou um roteiro ótimo em um filme quase perfeito, com os 2 pés numa estética indie 90’s que pra nossa sorte vem voltando à moda com histórinhas com cara de simplesinhas mas sque são mais profundas que as bombas jogadas nos filmes de super heróis.
Scrapper saiu de Sundance este ano com o Grande Prêmio do Juri e se os Deuses do cinema forem gentis, logo teremos mais filmes da ótima Charlotte Regan.
NOTA: 1/2