Que filme legal que é esse espanhol, mais uma aposta super acertada do #FantasticFestival2023.
La Espera é um dramão desgraçado, ou um thriller fiadaputa, que vai te consumindo aos poucos e que no final te deixa largado às traças.
A Espera se sustenta sobre um dos melhores personagens do ano, o perdido e fudido e mal pago Eladio (vivido por um Víctor Clavijo abençoado pelos deuses do cinema) que em sua descida por uma espiral infernal, descobre que o fundo do poço não existe e que essa descida pode ser infinda.
Eladio vai morar com sua esposa e seu filho pequeno em umas terras de um “senhor” tão misterioso quanto rico.
Essas terras são palco de eventos de caça, totalmente controlados até que Eladio aceita um suborno, com o aval de sua esposa e durante o evento, uma desgraça acontece e a família vai por terra abaixo, já que água não tem muita por ali.
O que o diretor F. Javier Gutiérrez faz em sua volta a Espanha, depois de uma breve passagem por Hollywood, mostra que ele voltou com sangue nos olhos e com muito amor (será) no seu coraçãozinho de pedra.
A fotografia do filme, aliada a um ótimo roteiro e uma direção de elenco precisa fazem de La Espera uma pérola que pode ficar perdida pelos lançamentos fora do circuitão.
O filme por vezes parece ir por um caminho de filmes de desespero de personagem principal, tipo um Despedida de Las Vegas da vida, onde o cara vai se auto consumindo aos poucos ao invés de se jogar da janela.
Por outras vezes eu fiquei esperando que um demônio fosse surgir das profundezas das terras secas e esquecidas que Eladio toma conta.
Para minha sorte, o roteiro não é tão óbvio assim e o sofrimento do filme vem não só de seus personagens ou de sua paisagem, mas vem de um clima criado pelo diretor que como uma fumacinha de desenho animado, vai entrando pelo “nariz” do espectador até tomar por total o seu cérebro.
Sorte a nossa.
NOTA: 1/2